Crédito: Renato Silva/Rede de Comunicação dos bancários
Renato Silva/Rede de Comunicação dos bancáriosO início oficial da 11ª Conferência Nacional dos Bancários, na noite desta sexta-feira (17), foi marcado por uma sensação de otimismo proveniente das intervenções. A mesa foi formada por centrais sindicais (CUT, CTB e Conlutas), confederações de diversas categorias e pelo Comando Nacional dos Bancários, representando as principais correntes do movimento sindical bancário.

Em seus discursos, os dirigentes destacaram a importância de que a classe trabalhadora se posicione pautando o debate sobre o modelo de desenvolvimento desejado após a crise econômica.

Carlos Cordeiro saudou os participantes da Conferência afirmando ser um privilégio representar, mais uma vez, os trabalhadores bancários. Contudo, segundo ele, as expectativas para a Campanha Salarial deste ano são diferentes: "Nossa mobilização não pode se resumir a discussão do índice e da PLR. Os bancários anseiam mais que isso, eles querem garantia de emprego, fim das metas abusivas e políticas de segurança em defesa da vida". Cordeiro também relembrou a força de mobilização demonstrada pela categoria em 2008 e encerrou sua saudação ressaltando a importância da ‘teimosia’ dos trabalhadores em se manterem unidos.

Artur Henrique, por sua vez, afirmou que a crise tem "RG", dono e identidade: é fruto da desregulamentação do setor financeiro defendida de forma convicta pelos partidos neoliberais. "Devemos responder qual modelo de desenvolvimento queremos após a crise", afirmou o presidente da CUT. "A melhor forma de enfrentamento é defender emprego, renda e direitos".

Artur lembrou que a Vale do Rio Doce, a Embraer e os bancos utilizaram a crise como justificativa para realizar demissões. Em seguida, citou os dados da consultoria Economática sobre os maiores pagamentos de dividendos aos acionistas que, novamente, desmistificam a crise nos bancos. Em 2008, 28 instituições financeiras pagaram um montante de R$ 12,3 bilhões. O setor foi o que melhor remunerou seus acionistas.

"Diante destes dados, os banqueiros não podem ter a ‘cara de pau’ de dizer na mesa de negociação que não podem pagar uma remuneração justa porque a crise é ‘brava’, a crise é ‘grave’. A crise não é justificativa", destacou Artur.

O presidente da CUT salientou ainda que os bancários nunca deixaram de participar de importantes lutas da classe trabalhadora como contra a Emenda 3 e as demissões no período de crise. "Tenho certeza que os bancários também estarão conosco no dia 14 de agosto, desta vez lutando a favor do Brasil e de quem constrói a riqueza da nossa nação: a classe trabalhadora". Artur concluiu citando bandeiras da classe trabalhadora que são fortemente defendidas nas campanhas salariais dos bancários, como ratificação da convenção 158 da OIT, redução da jornada e fim do fator previdenciário.

"Em todos os anos a Campanha Salarial é difícil", começou Luiz Cláudio Marcolino. "Mas, superamos os obstáculos e saímos vencedores. Não podemos nos restringir às pautas coorporativas, é necessário fazer uma reflexão sobre a crise e temos que aproveitá-la para dialogar com a categoria e os clientes".

Marcolino lembrou que na Campanha Salarial 2008 os bancários foram taxados de ‘loucos’ por realizar uma greve em meio a um ‘turbilhão’, ou seja, diante da crise no sistema financeiro. "Não somos responsáveis e não vamos pagar pela crise. Os banqueiros precisam pagar o que devem para a sociedade brasileira e para os bancários", concluiu.

O presidente nacional do PT Ricardo Berzoini destacou duas questões em que a contribuição dos bancários é fundamental. "A crise demonstrou a decadência do modelo neoliberal, debate que fazemos desde a década de 90, e a importância do crédito para a economia", afirmou, lembrando que no Brasil, o crédito foi mantido por conta da ação dos bancos públicos, que só não forma privatizados pelo governo tucano por conta da ação dos trabalhadores.

"São dois debates fundamentais para os bancários. Tenho certeza de que os trabalhadores vão demonstrar clareza e fazer, além da luta por suas conquistas específicas, tratar desses temas", afirmou.

Fonte: Patrícia Meyer e Renata Ortega/Rede de Comunicação dos Bancários