Os bancos privados devem demorar muito para entrar no novo programa de microcrédito lançado ontem pelo governo, segundo avaliação de técnicos. Afirmam que a forte redução nas taxas de juros – das atuais 60% ao ano para 8% ao ano -, além do corte de 3% para 1% na taxa de abertura de crédito – não abrirão o apetite das instituições privadas, mesmo com a disposição do governo de oferecer até R$ 500 milhões em recursos do Tesouro para compensar a "equalização".

Na entrevista coletiva concedida após o lançamento do programa, ontem, no Palácio do Planalto, o secretário-adjunto de política econômica do Ministério da Fazenda, Gilson Bittencourt, afirmou que, provavelmente, os bancos privados devem optar, num primeiro momento, por repassar aos bancos públicos parte do limite de 2% do total de recursos captados via depósitos à vista.

Na apresentação das medidas, tanto a presidente Dilma Rousseff quanto o ministro da Fazenda, Guido Mantega, provocaram o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Murilo Portugal, presente na plateia. Mantega, que falou primeiro, afirmou que "vamos ampliar os recursos para o microcrédito e reduzir radicalmente os juros… o presidente da Febraban está me olhando um pouco torto, mas é o que vai acontecer". Pouco depois foi a vez de Dilma. "Tenho certeza de que nossos quatro bancos públicos federais vão dar o exemplo, e que a Febraban, através do Murilo Portugal, no futuro, tenho certeza, vai se engajar nesse projeto". A avaliação de técnicos do governo é que a participação de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal servirá como "símbolo" de que o programa de microcrédito é "atrativo".

 
Fonte: Valor Econômico / João Villaverde