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dinheiro3.jpgJuros altos fazem dos devedores fonte de renda para instituições financeiras – Mais uma vez os bancos divulgam a sombria conclusão de que a inadimplência está aumentando – uma das principais desculpas que usam para manter o spread em patamares muito acima do normal. O que eles não contam é que muito de seus lucros vem justamente da exploração dos devedores.

O spread é a diferença entre o que o banco paga para captar dinheiro e cobra para emprestar para os clientes. Os bancos dizem que precisam manter o spread nos altos patamares atuais porque precisam cobrar de quem paga o montante que não vão receber dos inadimplentes. O que eles não falam, porém, é que a inadimplência é motivada principalmente pelos altos juros cobrados pelos bancos. Uma roda em que os bancos nada perdem e muito ganham.

“Muitas vezes as pessoas passam por dificuldades financeiras momentâneas e não conseguem pagar um empréstimo ou o cartão de crédito por um mês ou dois. Não são caloteiros ou pessoas de má-fé, pelo contrário. Acontece que os juros bancários são tão altos, que logo uma pequena dívida vira um monstro impagável que não cabe mais no orçamento familiar. Aí, o cidadão passa meses ou anos pagando apenas juros, que vão crescendo ainda mais, e enchendo o cofre dos bancos sem conseguir diminuir, ou reduzir consideravelmente, a dívida real”, explica o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.

Financeiras – As vantagens que os bancos têm com a inadimplência vão além. Os bancos estão por trás das financeiras que oferecem dinheiro com juros ainda mais altos para pessoas que não têm acesso ao crédito nas agências bancárias. Vendem, por meio de uma ação ofensiva, e por vezes até intimidante, a ilusão da libertação das dívidas. Ou seja, como não podem mais emprestar via banco para aqueles que estão endividados, usam as financeiras para voltar a explorar os inadimplentes.

“Com técnicas de persuasão apuradas e ousadas, convencem as pessoas, muitas com pouca informação em assuntos econômicos e desesperadas, a pegar ainda mais dinheiro emprestado, mesmo sabendo que essa vítima vai se enrolar ainda mais”, diz Marcolino. “Ora, se o endividado não consegue pagar a dívida com o banco, como pagará para a financeira, onde os juros são ainda maiores? Novamente, os clientes vão passar meses e meses, ou anos e anos, pagando apenas juros sem pagar a dívida”, denuncia o presidente do Sindicato.

Solidez – O discurso dos bancos, que tenta passar vulnerabilidade diante da inadimplência e justificar a alta de juros, contradiz o que dizem para ver suas ações em alta na bolsa: vangloriam-se de estarem fortes, lucrativos e reais, o que, de fato, é constatado em todos os cantos do mundo.

Recentemente, o Banco do Brasil foi avaliado como o banco mais rentável em 2008 da América Latina e Estados Unidos. E ele não está sozinho, em segundo lugar aparece o Bradesco e, em quinto, o Itaú. No quesito lucros, também ficaram em evidência no ano passado: o Banco do Brasil em terceiro, seguido pelo Itaú (4º) e Bradesco (5º). Aqui, o Santander também aparece, em 17º. O motivo de tantos lucros, de acordo com a renomada revista britânica The Economist: o spread.

Fonte: SEEB – SP / André Rossi