Quatro bancos foram acusados de fraude ontem pelas participações que tiveram em um pacote de financiamento de ? 1,7 bilhão (US$ 2,3 bilhões) para a cidade de Milão, num caso que vai alimentar a discussão mundial sobre o uso de derivativos complexos.

UBS, J.P. Morgan Chase, Deutsche Bank e o Depfa da Alemanha serão julgados em Milão, depois que um juiz decidiu que não há evidências suficientes que os levem a ser acusados criminalmente de fraude com agravantes, pelas participações que eles tiveram na elaboração de um pacote de swaps de uma emissão de bônus feita pela cidade em 2005.

O caso surge em meio a alegações que bancos de investimento ajudaram a Grécia a falsificar os números de sua dívida nacional através do uso de derivativos, para que o país pudesse que qualificar como membro da zona do euro.

Governos locais italianos tomaram emprestados cerca de ? 35 bilhões em transações relacionadas a swaps entre 2001 e 2008. O Banco da Itália estima que agora essas cidades podem estar diante de perdas que chegam a ? 1 bilhão.

Dario Loiacono, advogado de Milão, disse: "Está claro que as municípios não entenderam os riscos e custos que estavam assumindo. Esse caso vai esclarecer de quem é a responsabilidade."

Alfredo Robledo, o promotor de Milão que está investigando as circunstâncias da emissão de bônus de três anos de prazo feita em 2005 pela cidade, disse que o julgamento será a primeira vez que um caso criminal é movido contra bancos por sua participação na emissão de derivativos para autoridades locais.

Onze banqueiros e dois funcionários municipais enfrentam acusações parecidas com as dos bancos e também irão a julgamento no caso de fraude, cujo início está marcado para 6 de maio. Os quatro bancos disseram que não fizeram nada errado.

Segundo a Bloomberg, o J.P. Morgan está defendendo "veementemente" sua posição contra as acusações. "Os funcionários envolvidos nas acusações agiram dentro do mais rígido grau de profissionalismo e de maneira totalmente correta", diz comunicado emitido pelo banco.

Fonte: Financial Times / Vincent Boland, de Milão

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