Com quase trinta anos de trabalho no BB e perto de se aposentar, Luiz Carlos nunca esperava pelo que lhe aconteceu. De gerente administrativo da agência Assembleia, no Rio de Janeiro, foi descomissionado, perdendo a posição de segundo gestor da unidade para retornar ao cargo de escriturário. Além de uma perda salarial importante, o bancário sofreu com a humilhação de ser rebaixado. O motivo: não cumprimento de metas.

A vergonha e os muitos sentimentos negativos foram demais para o coração de 54 anos. O descomissionamento aconteceu numa quinta-feira. O fim de semana foi difícil, com um mal-estar constante. Na segunda-feira o estado de saúde de Luiz Carlos se agravou e, na terça, o bancário veio a falecer, vítima de um ataque cardíaco.

Os colegas ficaram indignados. O assédio moral imposto pelo BB acontece em todos os níveis, em função de metas de venda cada dia mais agressivas. É preciso vender cada vez mais, e os produtos a serem oferecidos são definidos por uma administração central sem considerar as especificidades de cada praça.

Em todo o país, bancários estão sofrendo com esta miopia da direção do banco e têm havido descomissionamentos e até demissões de trabalhadores que ainda estão na fase do estágio probatório. "Temos notícia de que, só este ano, dois concursados foram demitidos. Os descomissioamentos também estão se tornando cada vez mais comuns", relata Carlos Souza, representante do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro na Comissão de Empresa dos Funcionários do BB.

O Sindicato já mobilizou os dirigentes para tratarem do caso de Luiz Carlos. "Estamos prestando nossa solidariedade à família e aos colegas do bancário e não vamos descansar enquanto não identificarmos os responsáveis pelo descomissionamentos", informa o sindicalista.

Uma manifestação está sendo preparada para esta sexta-feira na agência de lotação do trabalhador morto e o coletivo do BB no município solicita a adesão dos trabalhadores do interior do estado. "Pedimos que todos os bancários do BB no estado vistam preto na sexta-feira, em sinal de luto pelo colega. O assédio moral e as decisões arbitrárias acontecem em todo lugar", convoca Carlos.

O sindicalista ressalta que é fundamental a mobilização dos funcionários do banco em todo o país para combater esta situação. Para o dirigente, este é o momento de intensificar a unidade dos trabalhadores do BB, a partir da indignação pela morte de Luiz Carlos.

"Só com a unidade teremos condição de pressionar o banco a dar um basta na violência organizacional que já chegou a matar um funcionário. "Ou o BB para com o assédio moral, as demissões e os descomissionamentos, ou nós paramos o BB no Rio de Janeiro", anuncia.

Fonte: Seeb Rio

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *