Depois de mais de vinte anos de briga na Justiça, finalmente os funcionários da Nossa Caixa vão receber as horas extras que o banco não pagou entre setembro de 1985 e outubro de 1986. Em assembleia realizada na quinta-feira 29 pelo Sindicato, os bancários aprovaram um acordo em que receberão 80% dos R$ 14 milhões que a empresa deve. Ao todo, serão mais de R$ 11 milhões distribuídos entre 3.700 bancários.

Para a diretora do Sindicato e funcionária da Nossa Caixa Raquel Kacelnikas, a decisão dos bancários foi acertada, pois do contrário o banco poderia continuar aproveitando-se das brechas da Justiça para protelar ainda mais o pagamento. "Nosso processo tramita há mais de 20 anos e nesse período todo a Nossa Caixa usou de todo expediente protelatório que a Justiça permite para atrasar o andamento do processo. Cada funcionário que estava na ação e morria, por exemplo, o banco pedia na Justiça para o Sindicato habilitar o herdeiro legal. Só com isso perdemos muitos anos", explica.

Segundo Raquel, embora a decisão da Justiça em favor dos bancários já tenha sido tomada em última instância, a Nossa Caixa ainda pode recorrer dos valores da correção monetária, o que poderia atrasar em pelo menos mais três anos o pagamento da dívida com os funcionários. "Por isso buscamos um entendimento com a instituição financeira para encerrar a ação. O banco fez uma proposta de pagar 80% dos valores devidos. Os bancários acharam um bom acordo e aprovaram".

Prêmio – O bancário Maurício Silva é um dos funcionários da Nossa Caixa que receberá as horas extras que o banco lhe deve desde 1985. Prestes a se aposentar, ele ficou feliz com o acordo. "Estou no final da carreira e esse dinheiro será uma espécie de prêmio para mim. Durante toda minha vida no banco, sempre acompanhei o trabalho do Sindicato e só tenho a agradecer à entidade", diz Maurício.

Seu colega Luiz Ângelo Mazzaro destaca que o acordo com o banco foi muito bom. "Para quem tem dívidas, os 80% que vamos receber agora é melhor do que os 100% que receberíamos daqui a alguns anos. Além disso, podemos ficar doentes ou até morrer, é melhor receber enquanto ainda temos saúde", ressalta.

O bancário aposentado Cláudio Roberto Cecotti também considera o acordo bom. "Se não aceitássemos, o processo não se finalizaria nunca. É assim que funciona nossa Justiça", diz. Para Cecotti, o Sindicato atuou bem durante a tramitação da ação e na negociação para o acordo. "Acompanho o trabalho do Sindicato há décadas. Eu fui o segundo bancário da Nossa Caixa a me filiar à entidade, em 1977, quando os funcionários do banco paulista eram proibidos de se sindicalizar", lembra.

Fonte: Fábio Jammal Makhoul – Seeb/SP

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