A onda de demissões no Santander que, segundo denúncias dos bancários de São Paulo, estaria programada para começar em abril, já está em andamento no município do Rio de Janeiro desde março. Foram homologadas no último mês 58 demissões de funcionários do banco pelo departamento jurídico do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, um número muito acima dos meses anteriores. O pico de homologações foi entre os dias 21 e 31.

Invertendo a praxe, que é de um número sempre maior de bancários se desligando da empresa, houve somente 12 demissões a pedido. Foram demitidos alguns bancários com mais de duas décadas de trabalho no banco e também de muitos com até três anos de trabalho na empresa. A predominância absoluta foi de bancários com cargos de gerência, inclusive gerentes gerais.

A demissão de tantos bancários no mês de março surpreendeu Paulo Garcez, funcionário do Santander e diretor da Federação dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo. "A cláusula 54ª da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários prevê uma indenização adicional aos bancários que são dispensados entre a data de assinatura da convenção e o dia 31 de março", informa o dirigente.

Ainda segundo o sindicalista, a intenção original do movimento sindical, ao incluir esta cláusula na CCT foi evitar demissões no final e no início do ano, períodos em que os trabalhadores têm muitas despesas. Segundo o texto, a indenização vai de um a três salários, dependendo do tempo de trabalho na empresa. Como houve demissão de bancários com muitos anos de casa, alguns com salários elevados, o banco terá de pagar algumas indenizações adicionais altas.

Denúncias

O Sindicato dos Bancários de São Paulo realizou uma manifestação na última sexta-feira, dia 1º, em frente à Torre Santander, protestando contra uma onda de demissões que o banco estaria prestes a implementar. As informações chegaram à entidade através de denúncias de bancários, já que o banco não procurou o movimento sindical para discutir os cortes.

A atitude da direção da empresa fere as diretrizes da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) para empresas multinacionais. Segundo a OCDE, em caso de demissões em massa, a empresa deve negociar com a representação dos trabalhadores e com a autoridade governamental responsável por regular as relações de trabalho.

A entidade já anunciou que, se o banco não mudar a postura e procurar os sindicalistas, vai denunciar a empresa à OCDE. O banco já havia sido denunciado antes duas vezes por práticas antissindicais: uma por ajuizar ação de interdito proibitório impedindo manifestações em frente às agências e outra por registrar denúncia criminal contra dois dirigentes sindicais.

Fonte: Feeb RJ-ES