Os funcionários do Santander estarão nas ruas em todo o país nesta terça-feira, dia 19, em mais um Dia Nacional de Lutas. Os bancários reivindicam melhoria na Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e o fim das demissões no banco.

Os trabalhadores do banco espanhol estão indignados com a queda no valor da PLR, ocorrida por conta do balanço "mágico" divulgado pelo banco no final de 2008, que desapareceu com cerca de R$ 2 bilhões. "Olhando os números, parece que a fusão com o Real fez desaparecer um banco", afirma Ademir Wiederkehr, secretário de Imprensa da Contraf-CUT. O lucro do banco ficou em R$ 2,759 bilhões, quando anúncios anteriores, inclusive declarações do presidente da empresa, Emílio Botin, davam conta de um resultado na casa dos R$ 4,8 bilhões.

O banco também subtraiu do balanço cerca de R$ 571 milhões a título de amortização do ágio de R$ 26,3 bilhões da compra do banco Real e da ABN Amro Brasil Dois Participações. Segundo a legislação, o banco pode abater o ágio em até dez anos, o que significa uma média anual de R$ 2,6 bilhões.

Para piorar a situação, o Santander aprovou, em reunião de acionistas ocorrida no final de abril, o valor de R$ 233,8 milhões para gastar com a remuneração de seus 26 diretores-executivos. "É absurdo que, no momento em que o mundo todo está discutindo a limitação dos repasses de recursos a executivos do setor financeiro, o banco me venha com esse valor", avalia Ademir. "Os trabalhadores não aceitarão ser as únicas vítimas dessa estranha redução dos lucros do banco. Exigimos receber o adicional de PLR", afirma.

Demissões

Os trabalhadores também vão cobrar a suspensão do processo silencioso de demissões que vem acontecendo no banco espanhol. Cerca de mil funcionários perderam seus empregos apenas nos três primeiros meses de 2009. Estas demissões estão acontecendo apesar das negociações entre banco e trabalhadores que resultaram na criação de mecanismos para evitar o fechamento de postos de trabalho, como o centro de realocação, a licença remunerada pré-aposentadoria ("pijama") e o bônus de antecipação de aposentadoria.

Negociação

Uma nova reunião do Comitê de Relações Trabalhistas do Santander está prevista para o próximo dia 26, em São Paulo. Os funcionários voltarão a cobrar do banco o fim das demissões e a melhoria da PLR, itens que ficaram em aberto no último encontro.

Manifesto dos Trabalhadores do Santander

Nós, trabalhadores do Santander, estamos protestando em nível nacional contra a política do banco espanhol de desrespeito para com os trabalhadores brasileiros ao demitir milhares de pais e mães de família, apesar das inúmeras negociações feitas com o objetivo de realocar funcionários, gerar vagas e evitar demissões.

O Santander está fazendo dispensas, mesmo sabendo que há falta de empregados na rede de agências para atender melhor os clientes e a população, obrigando os bancários a um ritmo desumano de trabalho e a jornadas excessivas, causando o aumento do número de doentes.

Esse mesmo banco espanhol que demite aqui no Brasil, mas que não faz isso na Espanha, paga uma renda anual média de R$ 8,6 milhões para cada um dos seus 26 diretores-executivos e bônus semestrais de até R$ 1,4 milhão para os seus superintendentes. Enquanto isso, o banco se nega a pagar Participação nos Lucros e Resultados (PLR) justa aos trabalhadores, alegando não ter dinheiro. Essa política discriminatória de premiação pelo cumprimento de metas gera terrorismo moral nas agências.

Queremos o fim das demissões e da exploração, o pagamento justo pelo nosso trabalho e a melhoria do atendimento aos clientes, com a redução dos juros, tarifas e filas.

Santander, respeite o Brasil e os brasileiros!

São Paulo, 19 de maio de 2009.

Contraf-CUT
Federações e Sindicatos de Bancários
Afubesp

Fonte: Contraf-CUT

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