Em 2008, segundo a Pnad, mais de 69 mil trabalhadores do ramo financeiro disseram ter diagnóstico médico de tendinite ou tenossinovite, manifestações clínicas das LER/Dort.
De 2005 a 2008, 1.489 bancários receberam benefício por incapacidade causada por doenças do sistema musculoesquelético, segundo dados do INSS. A médica reforça que, apesar de alto, esse total não dá conta da realidade, já que diversos bancários com LER são “invisíveis” para a Previdência: “Não entram nas contas do INSS, as pessoas com LER que continuam trabalhando, e não entram os que tiveram o benefício negado.”
Nexo – Além disso, lembra a sanitarista, a subnotificação só diminuiu a partir de 2007, quando o INSS reconheceu que a categoria bancária era mais propensa a doenças do tipo, com a implementação do nexo técnico epidemiológico (NTEp).
“Analisando seus próprios dados, o órgão reconheceu que algumas categorias de trabalhadores têm mais determinadas doenças do que outras, e que essas doenças estariam, portanto, relacionadas ao trabalho. A partir disso, o INSS determinou que deve ser concedido o auxílio-acidentário a todo bancário que apresente quadro de LER ou de doenças mentais, outro tipo de adoecimento muito comum na categoria”.
Ainda assim, explica Maria Maeno, o perito do órgão tem a prerrogativa de julgar cada caso. “Não temos os dados dos casos (de bancários) que são descaracterizados pelos peritos e sem isso, não temos como saber se o nexo técnico-epidemiológico está sendo aplicado como deveria”, critica.
Para ela, apesar dos avanços como o Protocolo LER e o NTEp, o Estado brasileiro ainda não dá a atenção devida ao problema. “A saúde do trabalhador ainda não entra na equação que calcula o crescimento econômico. Ela merece mais atenção do governo e mais espaço na agenda de políticas públicas”, defende.
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