Os bancários do Sindicato dos Bancários de Taubaté e Região, de Londrina, do Pará e de Porto Alegre realizaram um ato público, nesta quarta-feira (12). Um dos principais motivos foi a declaração dada pela diretoria da empresa à Revista Exame (edição de 15/06), de que um programa de corte de custos e reorganização interna seria realizado para atingir o grau de eficiência que seus acionistas esperam. Outras bandeiras de luta são a melhoria nas condiçoes de trabalho, o fim do cumprimento de metas abusivas como tambem do assédio moral nas agência do banco Itaú Unibanco.

"Nossa manifestação é pela garantia do emprego. Somente na base do sindicato, 12 funcionários já foram demitidos e o Itaú Unibanco insiste no corte dos funcionários", destaca Valdir Machado, diretor do sindicato dos bancários de Taubaté e diretor da Fetec-SP.

O banco bateu recorde de lucro no primeiro trimestre de 2011, com R$ 3,53 bilhões. Tamanho rendimento é contraditório com os cortes realizados pelo banco. Segundo a direção do Itaú Unibanco, as demissões que estão sendo realizadas fazem parte de um turn over (rotatividade), considerado normal.

"O banco mentiu e descumpriu um acordo assumido junto a Comissão Nacional do Itaú Unibanco durante o processo de fusão. Com mobilizações e a união de todos os trabalhadores, daremos respostas enérgicas diante a esta postura", ressalta Vera Saba, presidenta do Sindicato e funcionária do banco Itaú.

Já os bancários de Londrina realizaram um protesto em uma das agências centrais do Itaú na cidade. O foco dos protestos foi a alta rotatividade praticada pelo banco, que no primeiro semestre deste ano chega a quase 4 mil bancários no país.

A cobrança do cumprimento de metas abusivas foi outro tema que motivou a manifestação. "Os funcionários do Itaú estão convivendo com um ambiente de pressão muito grande. É ameaça de demissão, é cobrança constante para atingir metas, que em muitos casos chegam a 400%", relata Wanderley Crivellari, presidente do Sindicato dos Bancários de Londrina.

A situação é a mesma em todo o país, conforme diagnosticado pelos dirigentes sindicais no Encontro Nacional, realizado no dia 8 de julho em São Paulo. "De norte a sul do país os funcionários do Itaú estão sofrendo com as péssimas condições de trabalho, estão adoecendo e, o que é pior, não vemos da direção do banco movimentações no sentido de melhorar esta situação", acrescenta Wanderley.

No Pará, os bancários paralisaram por uma hora suas atividades em uma agência do Itaú Unibanco, em Belém. Segundo o Sindicato dos Bancários do Pará, a mobilização ocorreu em protesto contra as 22 demissões de funcionários do banco na Região Metropolitana de Belém, neste ano.

"Na fusão entre Itaú e Unibanco em 2008, os presidentes Roberto Setúbal e Pedro Moreira prometeram publicamente que o emprego dos funcionários estaria garantindo. Mas o que temos visto de lá pra cá é uma onda de demissões em massa de bancários e bancárias em todo o Brasil, e isso impacta diretamente no atendimento cada vez mais precário que é prestado à população", afirma o diretor jurídico do Sindicato e também funcionário do Itaú Unibanco, Sandro Mattos.

Em todo o Brasil, segundo reportagem da Exame Finanças, apenas nos meses de abril e maio, cerca de 350 profissionais foram desligados. A maioria dos profissionais demitidos pertencente à área de crédito ao consumidor, que engloba a financeira e o segmento de cartões de crédito. A justificativa do Itaú Unibanco para as demissões é a de fazer a empresa alcançar o grau de eficiência que seus acionistas esperam.

"Para uma empresa que teve um lucro de R$ 3,53 bilhões somente no primeiro trimestre de 2011 é injustificável tanta demissão. E infelizmente mais desligamentos poderão acontecer quando for fechado o centro de processamento de dados do Unibanco, previsto para ocorrer até o fim do ano. Essa informação está criando instabilidade entre os funcionários, piorando substancialmente as condições de trabalho dentro do banco. Isso nós não vamos permitir e faremos o que for preciso em defesa dos bancários", garante a presidenta do Sindicato, Rosalina Amorim.

A presidenta da entidade sindical também lembrou que nesse ano um bancário de Belém passou mal durante o expediente e mesmo assim teve que continuar o trabalho, pois foi impedido pela direção do Itaú de interromper o trabalho para buscar atendimento médico.

A Fetrafi-RS recebeu informações de paralisações em Porto Alegre, Erechim, Cruz Alta, Passo Fundo, Santa Rosa, Camaquã, Vale do Paranhana, e Rio Grande. Além do atraso na abertura de agências, a manifestação denunciou as demissões de funcionários, imposição de metas abusivas, assédio moral, jornada excessiva e desrespeito aos clientes e usuários do sistema financeiro, submetidos a taxas e tarifas abusivas.

Em Porto Alegre, a paralisação ocorreu na agência do Centro de Porto Alegre, onde também fica a Superintendência Estadual. Já em Erechim, três agências estarão fechadas até as 12hs, são elas: Itaú – Centro; Praça da Bandeira e o PAB da Aurora.

Na cidade de Cruz Alta as agências do Itaú do Calçadão (Pinheiro Machado) e Presidente Vargas tiveram o início de expediente atrasado. Em Passo Fundo, as três unidades da cidade ficam paralisadas até as 12hs desta terça-feira, assim como em Rio Grande nas suas duas agências. No Vale do Paranhana, duas agências do Itaú tiveram o expediente atrasado. Já em Santa Rosa, houve entrega de panfletos em frente ao banco.

O Banco Itaú está na contramão da história e planejamento do sistema financeiro, afirma Paulo Schmidt, que é dirigente sindical e funcionário deste banco, pois "enquanto o Bradesco e outros bancos privados contratam mais pessoas e abrem agências nas mais diversas cidades da região, buscando uma inserção maior no mercado, o Itaú demite e enxuga, cada vez mais, seu quadro de funcionários". "Na agência de Santa Rosa existe apenas um caixa contratado e não tem tesoureiro, tendo o Gerente Administrativo que acumular as três funções para dar conta do atendimento da agência".

O Itaú Unibanco lucrou R$ 3,53 bilhões no primeiro trimestre deste ano, com crescimento de 9,2% em relação ao mesmo período de 2010, ano em que teve lucro líquido de R$ 13 bilhões. Apesar de apresentar o maior lucro do sistema financeiro brasileiro, o Itaú Unibanco não melhora o seu atendimento, ao contrário, prejudica o serviço e demite, o que resulta em longas filas.

Os protestos dos bancários visam pressionar o banco para que a instituição mude seu modo de gestão e resolva os problemas pendentes nas negociações específicas com a Comissão de Organização dos Empregados.

As atividades continuarão até que o banco aceite negociar com o movimento sindical, pare de demitir e contrate mais funcionários para melhor atender à população.

Segurança

Não bastassem as demissões, a insegurança também faz parte do cotidiano de funcionários e clientes do Itaú Unibanco de Santarém, oeste do Pará. Lá, a porta giratória com detector de metais na entrada da agência nunca existiu. "Em setembro do ano passado fomos até o município, procuramos a gerência do banco que se comprometeu a resolver o problema, mas nada fez até o momento", denuncia Sandro Mattos.

A instalação de portas de segurança em todos os acessos destinados ao público, blindagem das portas e devida adequação das fachadas de vidro das agências é lei no Pará, sob nº 7.013/2007.

Fonte: Sindicato dos Bancários do Pará / Sindicato dos Bancários de Londrina /  Sindicato dos Bancários de Taubaté / Fetrafi-RS

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *