Bancários param concentrações SP I e SP II do Santander em São Paulo

Crédito: Seeb São Paulo

Seeb São Paulo Os trabalhadores das concentrações SP I e SP II do Santander, na Barra Funda, aderiram novamente à greve nesta sexta 7. Os bancários, que já haviam cruzado os braços na sexta-feira anterior, dia 30, demonstraram mais uma vez disposição para participar do movimento nacional da categoria que chegou ao 11º dia.
 

"A greve é um direito nosso e as reivindicações são justas", disse um bancário que trabalha há seis anos no Santander. "As metas são muito agressivas e tem coisa que não tem como cumprir, até os supervisores admitem, mas eles também são pressionados", reclamou outro funcionário do banco.

No SP I trabalham cerca de 2 mil bancários, e há aproximadamente 800 no SP II. Os dois locais concentram os serviços de teleatendimento do banco.

"Atendemos entre 100 a 150 ligações de clientes, temos só 20 minutos de almoço que mal dá pra engolir a comida, e durante toda a jornada temos apenas 10 minutos de pausa, pra tomar água ou pra ir ao banheiro. E ainda temos de convencer os clientes a comprar os produtos do banco que fazem parte da nossa meta", contou uma jovem bancária com cinco anos de SP I e dois afastamentos por adoecimento mental.

O relato da trabalhadora impressiona, não só pela gravidade, mas também pela pouca idade da protagonista. "Quando caminhava até o trabalho ficava pensando em me jogar no trilho do trem e às vezes atravessava a rua desejando que um carro me batesse."

Vítima de transtorno bipolar, a bancária associa o início da doença ao estresse diário do trabalho. "Comecei a sentir o problema depois que vim trabalhar aqui. São ligações demais, os clientes às vezes te ofendem. Eu até entendo o motivo, mas o responsável é o banco, não sou eu. Hoje estou tentando não me envolver demais e não exigir demais de mim, e tenho conseguido seguir."

Ela acrescentou que casos como o dela são comuns no banco. "Tem muita gente com problemas como depressão ou síndrome do pânico. Tenho uma amiga que está afastada há dois anos e não consegue sair de casa. Ela até pensa em voltar mas só de pensar tem crise de pânico. Também tem muita gente com tendinite", informou.

Outro bancário se queixou da pressão: "Por mês você tem de vender 10 cartões, 20 capitalizações e 30 débitos automáticos. É muito difícil! E quando a gente não cumpre, é cobrado nas reuniões com supervisores." O funcionário ressaltou que não se trata de reclamar das vendas, mas da forma como eles são levados a tratar o cliente.

"Você praticamente tem de forçar o cliente a comprar. É chato fazer isso. Não é que não se tenha perfil pra venda, mas empurrar uma venda casada pro cliente faz você sentir como se estivesse enganando a pessoa", contou.

O fim das metas abusivas e a assinatura de um termo de compromisso com a venda responsável de produtos está entre as reivindicações da categoria. Mas foi negada logo na primeira rodada de negociação com os representantes dos banqueiros, em agosto.

Os bancos argumentaram que já eram responsáveis em suas vendas, ainda que os relatos dos bancários e o alto índice de reclamações nos órgãos de defesa do consumidor demonstrem frequentemente o contrário.

Fonte: Seeb São Paulo

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