Mais de 400 jornalistas, estudantes, professores, líderes de movimentos sociais e parlamentares protestaram nesta quarta-feira, dia 24 de junho, no Centro de Porto Alegre, contra a extinção do diploma para exercício do Jornalismo, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O ato, que contou com a presença de diretores do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e Região (SindBancários), teve inicio ao meio-dia, na Esquina Democrática.

Mas o protesto tomou novas proporções. Os participantes marcharam pela Rua da Praia e promoveram nova manifestação em frente à redação do jornal Correio do Povo. Depois de nova caminhada, os manifestantes foram ao Palácio da Justiça e à Assembléia Legislativa, onde receberam o apoio do presidente da casa, deputado Ivar Pavan.

Durante os atos, movidos pela emoção, foram exibidas dezenas de faixas com críticas à decisão tomada pelo STF no dia 17 de junho, "pirulitos" com imagens demonizadas dos oito ministros que votaram contra o diploma, apitos, narizes de palhaço, panelas e colheres. Algumas pessoas se vestiram com aventais e chapéu, em alusão ao comentário de Gilmar Mendes, presidente do STF, que comparou a profissão de jornalista à atividade de cozinheiro. As palavras de ordem chamavam a atenção para o golpe desferido pelo Supremo, que atinge toda a sociedade. Populares aplaudiram e apoiaram a manifestação em todos os momentos.

Na Esquina Democrática, aconteceram as manifestações de dirigentes, estudantes e políticos. Para o vice-presidente da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e diretor do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, Celso Schröder, a manifestação é uma prova de que a união entre jornalistas, estudantes e professores pode modificar a situação da regulamentação profissional via Congresso Nacional.

Manifestaram apoio os deputados estaduais Adão Villaverde e Dionilso Marcon, ambos do PT, os vereadores Carlos Todeschini e Sofia Cavedon (PT) e Fernanda Melchionna (PSOL). A secretária de Comunicação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Sônia Santos Viana, alertou que a extinção do diploma de Jornalismo pode ser estendido para outras profissões.

Também participaram dos atos o deputado estadual e jornalista Paulo Borges (DEM) e o prefeito de Estância Velha, José Waldir Dilkin. O Sindicato dos Bancários levou uma faixa de apoio com os seguintes dizeres: "SindBancários na defesa do diploma e do jornalismo de qualidade". Servidores da Justiça do Rio Grande do Sul também estivaram nas manifestações.

Em frente ao Correio do Povo, na esquina da Rua da Praia com a Caldas Júnior, os manifestantes sentaram no asfalto e chamaram os colegas que estavam nas janelas do veículo. A maioria aplaudiu, e alguns desceram para participar do ato.

No Tribunal de Justiça do Estado, foi feito novo protesto, e as portas foram fechadas. Na Assembleia Legislativa, a concentração foi realizada no hall de entrada até a chegada do presidente da Casa, Ivar Pavan, que garantiu apoio pessoal a novas manifestações da categoria. Também os deputados Edson Brum (PMDB) e Heitor Schuch (PSB) fizeram questão de apoiar o movimento.

Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul, o ato ganhou novas proporções a partir da mobilização dos estudantes, que já tinham inclusive realizado uma importante manifestação na Faculdade de Comunicação (Famecos) da PUCRS, na última sexta-feira. "Este é o grande ganho para o movimento sindical neste momento", salientou José Maria Rodrigues Nunes, lembrando que muitos profissionais se engajaram na manifestação.

Na avaliação do membro do Núcleo dos Estudantes do Sindicato, Laion, o protesto ficou acima da expectativa. "Já sentíamos que o pessoal estava agitado, querendo gritar. E efetivamente gritou forte", destacou. Estudantes de Porto Alegre, Santa Maria, Bagé, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Canoas participaram do movimento.

Fonte: Sindicato dos Jornalistas do RS