Crédito: Jailton Garcia – Seeb São Paulo
Jailton Garcia - Seeb São Paulo
Depois de três meses de negociações, o Santander apresentou nesta terça-feira, dia 22, em São Paulo, uma proposta para o Programa de Participação nos Resultados (PPR) com valores rebaixados. O banco espanhol quer pagar apenas R$ 1.000 para os bancários, enquanto planeja distribuir para cada um dos seus 26 diretores executivos, em média, nada menos que R$ 8,62 milhões em 2009. Pode? Diante deste escárnio, os dirigentes sindicais rejeitaram a proposta do banco no ato.

"É um absurdo, não podemos aceitar um PPR rebaixado para engordar os bônus dos executivos. Quem trabalha pesado diariamente para manter o lucro astronômico do banco são os bancários, que merecem ser valorizados. Mas o único jeito de conseguirmos essa valorização é com mobilização e luta, já que na mesa de negociações entramos num impasse", afirma a diretora do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Rita Berlofa.

Diante da intransigência do banco, os bancários marcaram uma Jornada Nacional de Lutas, que começará já na próxima segunda-feira, dia 28 de dezembro, e vai até o dia 8 de janeiro, com atividades em todos os sindicatos do país. No dia 12 de janeiro, a Contraf-CUT realizará uma plenária nacional dos dirigentes sindicais do Santander e Real para discutir os próximos passos da mobilização.

Proposta injusta de PPR

A proposta de PPR para os bancários é injusta por qualquer ângulo que se olhe. Não só do ponto de vista dos executivos, que receberão uma remuneração anual de R$ 223,8 milhões divididos entre 26 diretores, conforme foi aprovado na assembléia dos acionistas do Santander, enquanto o PPR distribuirá menos de R$ 40 milhões entre 51 mil funcionários, considerando que alguns não receberão, já que os R$ 1.000 são descontados dos programas próprios de renda variável.

"Fizemos uma projeção do lucro anual do banco, com base no balanço do 3º trimestre. O Santander deve fechar o ano com um lucro líquido de R$ 4 bilhões. O gasto com a rubrica PLR deve render uma isenção tributária de R$ 193 milhões, conforme prevê a lei federal nº 10.101. Com todo esse ganho economizado sobre os encargos trabalhistas e previdenciários, é um absurdo que o banco queira distribuir menos de R$ 40 milhões de PPR", comentou Rita.

Problemas do aditivo

Além do PPR, a proposta global para o acordo aditivo tem diversos outros problemas. O Santander não aceita a constituição de um grupo de trabalho para organizar o processo eleitoral no HolandaPrevi e no Sanprev e nem mesmo assina um termo de compromisso para a manutenção do patrocínio ao HolandaPrevi e Bandeprev.

"Na negociação, lembramos que, em julho, a superintendente de Benefícios do Santander, Maria Cristina Carvalho, concordou com a formação de um grupo de trabalho para discutir o processo eleitoral do HolandaPrevi, durante reunião ocorrida na Secretaria de Previdência Complementar (SPC), em Brasília. Na ocasião, ela disse que as entidades sindicais deveriam formalizar a proposta para o superintendente de Relações Sindicais do banco, Jerônimo dos Anjos, o que foi feito", salientou o secretário de imprensa da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, que também participou do encontro na SPC. "Por que agora o banco se recusa em aceitar essa proposta que visa democratizar a gestão e dar transparência ao HolandaPrevi?", questionou.

O Santander também se negou a melhorar o abono indenizatório, que é um dos incentivos para o desligamento dos trabalhadores aposentados que ainda estão na ativa, como forma de evitar demissões e abrir vagas. Menos de 50% do público-alvo aderiu no primeiro semestre. Porém, o banco quer aplicar somente o reajuste de 6%, mantendo, assim, o valor pouco atrativo, o que reduzirá novas adesões.

A unificação do valor do auxílio academia de ginástica também foi negada pelo Santander. Hoje, os trabalhadores nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro e no Distrito Federal recebem até a mensalidade de R$ 60, enquanto os demais, R$ 50, quando os preços são praticamente os mesmos em todo país.

"Além de dizer não para uma série de reivindicações importantes, o banco ainda quer que os bancários assinem um acordo aditivo com validade de dois anos. Nosso PPR, por exemplo, só seria reajustado pelo índice de aumento salarial que conseguirmos arrancar da Fenaban no ano que vem. O banco condiciona o fechamento do aditivo à aceitação da proposta rebaixada de PPR. Portanto, para melhorar precisamos ampliar a mobilização com mais uma jornada de lutas", finaliza o coordenador da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Santander, Mário Raia.

Avanços do aditivo

Nas três rodadas anteriores, os bancários conseguiram alguns avanços no aditivo que agora foram ofuscados com os péssimos resultados da negociação desta terça-feira. Entre eles, a prorrogação da licença remunerada pré-aposentadoria ("pijama") e do abono indenizatório até 31 de agosto do ano que vem e a conquista da licença sem vencimentos de 30 dias para os bancários que têm um parente de primeiro grau internado (cônjuge, pais, filhos e sogros).

O banco também aceitou a extensão do prêmio de dois salários para todos os funcionários que completaram 25 anos de banco até o final de 2008 (oriundos do Santander). O banco informou, no entanto, que este benefício não se estende para os trabalhadores do ex-Bandepe, que teriam recebido uma indenização no processo de fusão com o Real. Diante da alegação da falta de previsão no orçamento, o banco aceitou a proposta das entidades sindicais e pagará o prêmio na forma de um salário no início de 2010 e outro no mesmo período em 2011.

Mobilização para conquistar

"Às vésperas do Natal, o Santander perdeu uma boa oportunidade para apresentar uma proposta condizente para a renovação do aditivo com maiores avanços e mais conquistas. Além disso, frustrou a expectativa de todos os dirigentes sindicais ao fazer uma proposta de PPR rebaixada, diante dos bônus milionários pagos aos executivos", destacou Ademir.

"Desta forma, a saída é a mobilização dos trabalhadores em pleno final de ano e início de 2010, a fim de conquistar melhorias no aditivo e um modelo de PPR que traga dignidade e valorize os bancários pelo seu empenho e dedicação para produzir os lucros astronômicos do banco", concluiu o diretor da Contraf-CUT.

Fonte: Contraf-CUT e Seeb São Paulo

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