Mais um bancário foi vítima da política de demissão do Banco do Brasil, desta vez, em Campo Novo do Parecis (distante 395 Km de Cuiabá). O funcionário foi demitido no período de experiência, após ter ficado abalado psicologicamente e sem condições de trabalhar na agência em que foi rendido e sequestrado pelos bandidos no assalto ocorrido em 2 de dezembro.
Somente nas duas últimas semanas, esse é o quarto bancário demitido no Banco do Brasil em Mato Grosso, e assim como nas outras demissões, também esta foi sem justa causa. "As demissões têm sido o ápice dessa política de pressão. Os novos bancários têm reclamado de constrangimentos e humilhações adotadas pelos gestores do banco, que não conseguem justificar a falta de treinamento e orientação para os trabalhadores", explica o secretário Jurídico do Sindicato dos Bancários de Mato Grosso (Seeb-MT) e bancário do Banco do Brasil, Alex Rodrigues.
O bancário em questão foi utilizado como escudo humano sob a mira de uma arma de fogo durante a ação de bandidos em Campo Novo do Parecis. Além disso, ele foi obrigado a atear fogo nos equipamentos do banco e ainda foi levado como refém, durante a fuga dos criminosos. Porém, para o Banco do Brasil, nada disso foi considerado na hora de decidir pela demissão do funcionário.
Conforme apuração feita pelo Sindicato dos Bancários, o bancário estava sob licença médica e também estava sendo atendido pelo Programa de Assistência às Vítimas de Assaltos e Sequestros (Pavas) do próprio Banco do Brasil.
Criado em 2000, como resposta à explosão de roubos a bancos do ano anterior, o Pavas parece ter perdido sua característica inicial que era a de proteger bancários e clientes. "O banco não levou em consideração os transtornos emocionais sofridos pelo bancário durante a ação da quadrilha.
O que fez foi esperar que ele cumprisse os 15 dias de licença depois do assalto e logo em seguida o descartou com a demissão", acentua Alex Rodrigues.
Para o Seeb-MT que está em contato permanente com os bancários da agência de Campo Novo do Parecis, continua faltando ação e critérios por parte da Gestão de Pessoas do BB (Gepes), que além de não coordenar e bem menos, orientar o período de experiência dos novos bancários, está sendo mais negligente ainda neste caso, que envolve tamanha violência.
Essas posturas do banco têm levado o Sindicato dos Bancários de MT a realizar protestos, cobrar ações junto à direção do BB e até mesmo, solicitar acompanhamento durante o período de treinamento dos recém empossados, porém, o banco tem respondido com silêncio e negativas.
"É comum chegar ao Sindicato, relatos de bancários assustados e abalados psicologicamente, que não conseguem trabalhar na agência devido à forte pressão que sofrem diariamente. Por isso, vamos continuar buscando caminhos para tentar resolver esse caos que se instalou no Banco do Brasil", reforça.
De acordo com ele, o Seeb-MT irá entrar com ação judicial para anular a decisão do Banco do Brasil quanto às demissões arbitrárias, já que para a diretoria do Sindicato essa postura não pode continuar, pois além da instabilidade profissional para os recém-empossados, as demissões significam mais filas e atendimento sem qualidade para a população.
Fonte: Seeb MT