Ao anunciar o lucro recorde de R$ 8,8 bilhões no ano passado, o Banco do Brasil descumpriu a liminar da Justiça que o impede de se apropriar do superávit da Previ, obtida pelo Sindicato de Brasília. "O BB está usando artifício ilegal para contabilizar recursos que não possui e assim elevar os resultados do ano passado e beneficiar os acionistas, criando sérios problemas para o futuro", critica Marcel Barros, coordenador da Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, órgão da Contraf/CUT.

A Justiça Federal concedeu liminar ao Sindicato de Brasília em dezembro de 2008 suspendendo os efeitos da Resolução 26 do Conselho de Gestão da Previdência Complementar (CGPC), com base na qual o BB quer se apropriar ilegalmente de R$ 5,3 bilhões do superávit da Previ.

No dia 5 de fevereiro último, a Contraf/CUT, a Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão (Anapar) e o Sindicato de Brasília apresentaram denúncia contra o BB na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) por ter feito a contabilização irregular, solicitando que o banco seja punido pela entidade fiscalizadora.

PLR – Em relação à PLR referente ao segundo semestre de 2008, o coordenador da Comissão de Empresa acredita que ela tende a ser maior que a do primeiro semestre do ano passado, embora não deva seguir a mesma proporção da evolução do lucro. "O resultado do banco cresceu, mas o número de funcionários também é maior, haja vista que em 2008 foram cerca de quatro mil novos postos de trabalho oriundos de novas contratações e da recém-aquisição do Besc", contabiliza Marcel Barros.

O dirigente acredita que, neste primeiro semestre de 2009, o resultado do BB deva sofrer uma inversão, em virtude da queda do "spread" e das taxas de juros bancários.

Redução da massa salarial – O balanço de 2008 mostra que a despesa de pessoal do BB diminuiu no ano passado, mesmo com o aumento do número de funcionários em razão da incorporação do Besc e da contratação de novos concursados.

Em dezembro de 2008, o BB registrava um quadro de funcionários de 88.972 bancários, um aumento de 7.117 trabalhadores em relação aos 81.855 que o banco empregava em dezembro do ano anterior. No entanto, as despesas de pessoal do Banco do Brasil do ano passado foi de R$ 8,6 bilhões, contra R$ 9,1 bilhões em 2007.

"Isso é preocupante porque demonstra que a média salarial do BB está diminuindo, o que impacta não apenas os salários mas também as contribuições à Cassi e à Previ", afirma William Mendes, secretário de Imprensa da Contraf/CUT e funcionário do BB.

Fonte: Contraf/CUT