São Paulo – A administração do Banco do Brasil em Portugal está fechando agências para transformá-las em escritórios de atendimento a empresas. Com isso, funcionários serão demitidos em massa. De acordo com canais de notícias portugueses, o Banco do Brasil irá extinguir a atividade de varejo no país europeu e dispensará de forma coletiva trabalhadores relacionados a esse segmento. Essa redução implicará no fechamento das duas unidades que o Banco do Brasil ainda detém no país: uma no Porto e outra em Lisboa.

Para o diretor do Sindicato e representante na Comissão de Empresa dos Funcionários do Banco do Brasil, João Fukunaga, a medida é a continuidade da nova política de redução do tamanho, importância e atuação do banco que já foi verificada no Brasil – com a eliminação de 10 mil postos de trabalho por meio de um plano de demissão voluntária e o fechamento de 400 agências. O mesmo está acontecendo no Paraguai – onde agências também foram fechadas – e na Argentina, com a venda do superavitário Banco da Patagônia.

“Embora a situação desses trabalhadores portugueses pareça distante, é algo que poderá se tornar mais concreto em novembro, quando entrará em vigor a reforma trabalhista que permitirá demissões em massa e homologações feitas fora dos sindicatos, sem que a entidade de defesa dos trabalhadores possa fiscalizar se os direitos foram todos respeitados”, alerta o dirigente.

De acordo com o Sindicato Nacional dos Quadros e Técnicos Bancários (SNQTB) de Lisboa, antes da demissão a direção instruiu os trabalhadores a informar os clientes da carteira de varejo (transferidos compulsoriamente para o Banco CCT) que a instituição financeira pública brasileira não “quer mais essa operação” no país.

Em resposta a uma matéria de O Jornal Económico na internet, o banco divulgou uma nota evasiva e cheia de lacunas, que não informa corretamente a quantidade de funcionários demitidos, nem a data efetiva de suspensão da abertura de novas contas, que ocorreu em fevereiro.

Em comunicado divulgado na quarta-feira 13, o SNQTB de Lisboa afirmou que, após tomar conhecimento das medidas do BB, reuniu-se com um representante da instituição e “foi manifestada a oposição do SNQTB quanto a este despedimento e à forma como todo o processo tem vindo a ser conduzido, tanto mais que o Banco do Brasil apresenta lucros na sua operação em Portugal”.

“Além disso, o aumento do fluxo de turistas e dos residentes brasileiros no nosso país recomendaria um reforço das capacidades do banco no mercado nacional e não o contrário. Não há, pois, razão nenhuma para avançar para o despedimento coletivo”, argumenta o presidente do SNQTB, Marcos Paulo.