Presente no exterior desde 1941, o Banco do Brasil acelerou seus planos internacionais nos últimos meses. América do Sul e Estados Unidos são os mercados prioritários da estratégia desenhada pelo governo para que a instituição deixe de ter escritórios ou agências únicas e passe a atuar como banco de varejo nesses mercados.
A ideia é transformar o Banco do Brasil em multinacional nos principais parceiros econômicos do País. Oficialmente, o banco admite que mantém conversas com instituições para ampliar sua presença internacional.
"O Banco do Brasil está analisando diversas oportunidades de negócios no âmbito de sua estratégia de internacionalização. O Banco do Brasil mantém contato com diversas instituições financeiras de diversos países. Mas, em respeito às instituições e às negociações, o Banco do Brasil mantém o tema em sigilo", informa a assessoria de imprensa do banco, que, dessa forma, não confirma a negociação com o argentino Banco Patagônia.
O plano de levar o Banco do Brasil a outros países foi explicitado em julho, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou da diretoria que o banco se transforme numa "multinacional financeira". Em reunião, Lula sugeriu que o banco deveria ter presença expressiva nos principais parceiros do Brasil e citou nominalmente a América Latina, China e África. Curiosamente, foi no mesmo mês de julho que executivos brasileiros passaram a ser vistos com frequência em Buenos Aires, na sede do Banco Patagônia.
Oficialmente, o interesse do Banco do Brasil é investir fortemente em mercados da América do Sul, especialmente Argentina, Chile e Paraguai, e nos Estados Unidos.
Nos vizinhos, o banco quer atuar no varejo, com uma instituição que tenha presença relevante no segmento de pessoa física e comércio exterior, nicho tradicional do Banco do Brasil no País. Na América do Norte, o plano é abrir um banco de varejo para dar, principalmente, suporte à comunidade brasileira naquele país com serviços como transferência internacional de dinheiro, investimentos e financiamento de imóveis.
Outra frente importante é o Japão, onde também há grande comunidade de trabalhadores brasileiros.
"A ida para a Argentina faz sentido do ponto de vista comercial porque o governo quer um Banco do Brasil mais forte e internacional. Vale lembrar que um dos principais concorrentes do banco, o Itaú, já é importante na Argentina, Chile e Uruguai", diz o analista da Austing Rating Luis Miguel Santacreu. Para ele, a internacionalização torna o BB "mais atrativo" para o investidor estrangeiro que, eventualmente, pode ter interesse em comprar ações do banco.
Se confirmada, a compra de parte do Patagônia transformaria o Banco do Brasil em uma instituição maior que o também brasileiro Itaú no mercado argentino. O Patagônia tem 126 agências com presença mais forte em Buenos Aires e no sul do país. Já o Itaú opera uma rede com 81 agências, principalmente na capital federal e no centro argentino, como Mar del Plata, Rosário, Mendoza e Córdoba.
Fonte: O Estado de São Paulo / Fernando Nakagawa