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Crédito: Roberto Parizotti/Contraf-CUT

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Um dia depois da Fenaban rejeitar a pauta de reivindicações da categoria, o Banco do Brasil, seguindo a postura dos banqueiros, se recusou a apresentar proposta para as principais reivindicações específicas dos funcionários da empresa. Após os representantes do banco anunciarem essa posição, o Comando Nacional dos Bancários, coordenado pela Contraf-CUT e assessorado pelo Comissão de Empresa dos Funcionários do BB, suspendeu a terceira rodada de negociações que se realizou no final da tarde desta quinta-feira (23), na sede da Superintendência do Banco em São Paulo.

Imediatamente após o encontro, os representantes do Comando e da Comissão de Empresa se reuniram e decidiram conclamar os funcionários do BB a irem à greve a partir do dia 29, caso os banqueiros não apresentem nada de novo que atenda a categoria até segunda-feira, dia 27.

"O BB perdeu mais uma chance de ser protagonista entre os bancos, ao seguir a postura intransigente da Fenaban e não apresentar propostas satisfatórias para as reivindicações específicas do funcionalismo", criticou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

"O banco registrou lucro líquido de R$ 5,1 bilhões no primeiro semestre de 2010, com aumento do crédito e queda da inadimplência. O resultado é quase 27% superior a igual período do ano passado. O resultado positivo do BB representa um quarto de todo o lucro líquido dos seis maiores grupos do país (BB, Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa, Santander e HSBC). Não há motivo para o banco não atender as reivindicações econômicas, elevar o piso irrisório atual para R$ R$ 2.157,88, implementar um PCCS digno, abrir novos e mais postos de trabalho e implementar a jornada de seis horas para todos", completa Eduardo Araújo, coordenador da Comissão de Empresa.

"A posição do BB de não discutir comissionamento e descomissionamento abriu a primavera de forma obscura, mas o funcionalismo saberá dar a resposta com a devida indignação e organização para construir uma estação de conquistas", disse Carlos Eduardo, presidente do Sindicato dos Bancários do Ceará e representante da Fetec NE.

Veja a avaliação de representantes de sindicatos e federações:

"O banco hoje é o retrato mais cruel da política de metas abusivas e de um novo modelo de relacionamento com os clientes. Construída a partir de um esforço descomunal do corpo funcional, a fortuna obtida pela estatal no primeiro semestre de 2010 deveria ser utilizada para valorizar o funcionalismo, fazendo-o se considerar parte importante de instituição preocupada com o desenvolvimento social", Carlos de Souza, diretor do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro.

"Há um abismo entre a prática do BB e o que queremos de um banco público. Com metas abusivas, pressões e ameaças de descomissionamentos, além de quadro próprio de pessoal insuficiente e incremento de terceirizações, o BB gera um resultado expressivo, mas demonstra falta de sensibilidade com a saúde física e mental dos funcionários", avaliou Olivan Faustino, representante da Federação dos Bancários da BA e SE.

"O novo modelo de relacionamento com os clientes prioriza a parcela de alta renda e os negócios, discrimina a maioria da população com mais baixo poder aquisitivo e aponta uma estratégia pouco útil ao desenvolvimento da sociedade de forma geral. É contra isso que lutamos também, quando combatemos as terceirizações e exigimos mais contratações", destacou Rafael Zanon, diretor do Sindicato de Brasília e representante da Fetec CN.

"Queremos resposta já para as prioridades da nossa campanha. Exigimos discutir a jornada de 6 horas para todos e a implementação de um novo Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS) que tenha um piso que atenda as necessidades do trabalhador", apontou Ronando Zeni, diretor do Sindicato dos Bancários de Porto Alegre e representante da Fetrafi-RS.

"Houve poucos avanços nas negociações sobre algumas de nossas reivindicações específicas, mas o que é fundamental para o funcionalismo é que o banco se recusa a negociar nesse momento. O funcionalismo precisa se mobilizar e participar de todas as atividades da categoria para arrancar novas conquistas", enfatizou Wagner Nascimento, representante da Fetraf-MG.

"A atual direção do banco não tem desenvolvido política de responsabilidade social em relação aos seus funcionários. Praticamente instituiu o assédio moral nesses últimos nove meses. Só nossa mobilização será determinante para mudar radicalmente esse quadro", ressaltou Sérgio Farias, diretor da Federação dos Bancários do RJ e ES.

"A pesquisa nacional que deu início à Campanha Nacional deste ano mostrou que, de cada dez bancários, oito reclamam que o assédio moral e as metas abusivas são hoje os principais problemas que os trabalhadores enfrentam nos locais de trabalho. Agora está na hora do bancário mostrar sua indignação, se mobilizar e participar ativamente da luta contra esse modelo de gestão dos bancos, especialmente do BB", salientou Cláudio Luis, representante da Fetec-CUT/SP.

Segurança bancária e portas giratórias

No início da negociação, Ademir Wiederkehr, coordenador da Coletivo Nacional de Segurança Bancária da Contraf-CUT, apresentou as reivindicações específicas do setor, como assistência e estabilidade no emprego e na função às vítimas de assaltos e sequestros, proibição à guarda das chaves e ao transporte de numerário pelos bancários, ampliação dos equipamentos de prevenção e acessos às estatísticas de ocorrências no banco, dentre outras.

"Embora essas demandas estejam sendo discutidas nas mesa da Fenaban, o BB como importante regulador do sistema financeiro deveria se comprometer a adotá-las para proteger a vida dos trabalhadores e melhorar as condições de segurança dos estabelecimentos,incluindo-as no aditivo do banco à convenção coletiva", propôs o diretor da Contraf-CUT. O BB ficou de analisar essas propostas com a área de segurança do banco.

Sobre o projeto-piloto de retirada das portas giratórias de segurança com detectores de metais em algumas agências, que tem sido objeto de protestos dos sindicatos, o BB afirmou que suspenderá essa medida até a discussão final de todas as reivindicações, prometendo realizar uma reunião específica sobre segurança bancária.

Trava e comissões nas CABBs

O banco apresentou um pequeno avanço na discussão relativa às travas nas CABBs, mas manifestou ainda que quer fazer novos estudos e discussões sobre as comissões nas centrais de atendimento. Os representantes do funcionalismo reiteraram o pedido para retirada da trava de relacionamento, considerando a especificidade do trabalho desenvolvido nesses locais.

"A atual trava é lamentável. Já sobre a questão das comissões de atendentes A e B é preciso distinguir as funções na prática ou unificá-las com um patamar mínimo de 55% sobre o salário", disse Ana Smolka, diretora da Fetec-CUT/PR.

Veja as reivindicações específicas do funcionalismo do BB:

As reivindicações específicas do BB, aprovadas pelo 21º Congresso Nacional dos Funcionários realizado entre 28 e 30 de maio, foram entregues à direção do banco no dia 20 agosto. Ocorreram três rodadas de negociação. As principais reivindicações são:

– Aumento do piso do PCS e crescimento horizontal nas comissões do PCC, com incorporação anual das gratificações de função.

– Fim dos descomissionamentos com base em uma única avaliação de desempenho, transferindo-se essa alçada exclusivamente para a Gepes.

– Jornada de 6 horas para todos os cargos técnicos, sem redução de salários.

– Concessão da licença-prêmio, completando o processo de isonomia dos funcionários.

– Fim da Lateralidade e dos desvios de função, com a volta das substituições para todos os cargos.

– Indenização da Gratificação Variável para os ex-funcionários do Banco Nossa Caixa e desmembramento das verbas salariais incluídas no VCPi de todos os egressos de bancos incorporados.

– Ampliação do número de caixas em todas as agências e efetivação dos substitutos.

– Garantia da comissão e dos benefícios para os afastados por licença-saúde, para todo o período de afastamento.

– Eleição de representante dos funcionários para o Conselho de Administração.

– Fim das metas abusivas, das cobranças individuais e dos rankings de produtividade.

– Fim da terceirização do serviço bancário.

– Fim do correspondente bancário.

– Vincular a Ouvidoria interna ao Conselho de Administração, de forma a fortalecer sua posição no combate ao assédio moral dentro do banco.

Intensificar a mobilização e preparar a greve

O Comando Nacional conclama todos os funcionários do BB a fortalecerem a mobilização em seus locais de trabalho e participarem em massa da assembléia geral dos sindicatos na próxima terça-feira, dia 28, para deflagrar a greve geral a partir do dia 29.

"A unidade da categoria na ação é fundamental para ampliar as conquistas, fazendo com que os banqueiros atendam nossas reivindicações gerais que também tem impacto nas questões específicas dos funcionários do BB", conclui Eduardo Araújo,

Fonte: Contraf-CUT

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