Depois de estimular o consumo durante a crise e prover liquidez para as companhias desassistidas pelos bancos privados, o Banco do Brasil inicia agora ofensiva para ampliar os prazos das linhas para micro e pequenas empresas com o objetivo de fomentar o investimento. Para isso, a instituição mudou a metodologia de concessão para facilitar o acesso aos recursos e pré-aprovou empréstimos que podem atingir até 7 anos de prazo.

De acordo com Walter Malieni, diretor de crédito da instituição, o banco fez um levantamento entre os clientes com pelo menos um ano de relacionamento e identificou mais de 400 mil empresas, com faturamento de até R$ 10 milhões, que poderiam demandar recursos para a compra de máquinas e equipamentos. Para esse grupo, foi reservado um espaço, dentro do limite já existente, para operações destinadas exclusivamente à ampliação da capacidade instalada.

Somados, os recursos à disposição das companhias giram em torno de R$ 22 bilhões. "Não houve ampliação de limites, apenas disponibilizamos para esses clientes uma linha que pode ser acessada de forma automática com prazos que podem chegar a 6, 7 anos", diz.

Como as linhas são pré-aprovadas, não há a necessidade de documentação e o prazo de liberação dos recursos cai pela metade. "Isso permite uma antecipação dos investimentos", completa o executivo.

O momento de retomada da indústria e da atividade econômica motivou o banco. "Vemos que o uso da capacidade instalada está crescendo e entendemos que essa é uma oportunidade para fomentar os investimentos, ampliar a formação bruta de capital fixo e renovar o parque fabril", completa Malieni.

Uma parte dos recursos vem do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do BNDES, com taxas de juros a partir de 4,5% ao ano. Mas há também linhas pré-aprovadas, cerca de 20% do total, para capital de giro com prazos mais longos, a partir de 420 dias. Em geral, nesse segmento, a oferta de recursos fica em torno de 90 a 180 dias.

O capital de giro com prazo mais longo é importante principalmente para o setor de comércio, avalia o executivo do BB, pois o varejo precisa recompor estoques e, ao mesmo tempo, parcelar as vendas em horizontes de até 6 meses.

Os limites pré-aprovados foram possíveis por conta de uma revisão do modelo de concessão, com a adoção de uma avaliação massificada para o segmento de empresas. A avaliação de risco é semelhante à usada na concessão de crédito para os clientes pessoas físicas, que contam com recursos disponíveis diretamente em conta corrente.

A nova metodologia, baseada no comportamento do cliente, elimina a necessidade de um cálculo formal da capacidade de pagamento, pois o banco já conhece o histórico da companhia. Segundo Malieni, a probabilidade de uma empresa ficar inadimplente é maior nos primeiros anos de abertura da conta. A partir do segundo ano esse risco permanece alto porém começa a assumir uma trajetória descendente.

Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini, de Brasília

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