O Banco Central brasileiro indicou em conversas com banqueiros do país que não pretende apertar ainda mais as exigências de capital apenas para manter um ambiente regulatório mais rigoroso do que o dos países desenvolvidos.

Banqueiros de países emergentes se sentem ameaçados pelas novas regulamentações em negociação no Conselho de Estabilidade Financeira (FSB, na sigla em inglês) para tornar o sistema mais sólido depois da crise recente. A queixa é que os bancos de países emergentes já estão sujeitos a regras muito duras e, com a reforma, correm o risco de ter uma carga regulatória ainda maior.

Ontem, aqui em Washington, banqueiros de países emergentes representados pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), disseram que estão preocupados com peso das novas regras sobre os emergentes. "Os bancos são fundamentais para dar continuidade à expansão econômica nos países emergentes", afirmou ontem Jorge Londoño Saldarriaga, presidente do Bancolombia, em nome dos banqueiros emergentes do IIF.

O BC brasileiro, porém, sente-se confortável com os padrões atuais de regulação. Se o FSB estabelecer exigências mais pesadas que as que o Brasil adota, o BC deve acompanhar. Mas se o FSB convergir para os padrões brasileiros, o BC não pretende aumentar as exigências de capital.

Hoje, por exemplo, o Brasil exige que os bancos tenham capital equivalente a 11% dos riscos assumidos em seus ativos, dentro da regra chamada índice de Basileia. O padrão internacional é de 8%. O BC deixou claro que, se o FSB resolver aumentar o índice de Basileia de 8% para 11%, o Brasil se sente plenamente satisfeito em manter seu índice de 11%.

Ao Brasil, segundo mensagem transmitida aos banqueiros, interessa que o ambiente regulatório internacional seja fortalecido. Bancos brasileiros estão partindo para movimentos de internacionalização, como no caso do Banco do Brasil, Bradesco e Itaú. O Brasil quer que as regras nos outros países sejam igualmente rigorosas para que o Brasil não importe crises bancárias originárias em outras economias.

Como as regras prudenciais mundiais estão se tornando mais rigorosas, será inevitável que, em alguma medida, os bancos de países emergentes tenham uma exigência adicional de capital. A regulamentação caminha, por exemplo, para estabelecer capital adicional para enfrentar as oscilações do ciclo econômico. Ou seja, quando a economia vai bem, os riscos são menores e as carteiras de crédito se expandem com mais velocidade, seria exigido mais capital adicional, que serviria de colchão para enfrentar eventuais crises.

Entre as soluções para lidar com os bancos considerados grandes demais para falir, que o governo acaba sendo obrigado a socorrer para evitar consequências mais graves sobre a economia, também estão sendo contempladas algumas fórmulas que aumentam as exigências de capital.

Fonte: Valor Econômico /

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