O membro do conselho do Banco Central Europeu (BCE), Axel Weber, disse que os governos poderão aumentar o tamanho do fundo de resgate liderado pela União Europeia, se necessário, para restaurar a confiança no euro.

"Setecentos e cinquenta bilhões devem bastar para garantir os mercados", disse Weber na embaixada alemã em Paris no fim da noite de anteontem. "Se não forem, os valores precisarão ser aumentados". No pior cenário, o fundo precisará de ? 140 bilhões adicionais (US$ 187 bilhões), quantia que não colocará em risco a sobrevivência do euro, disse Weber em Berlim, ontem.

O contágio originado a partir da crise da dívida soberana da Europa está se espalhando para a Espanha, disseminando temores de que o fundo de resgate estabelecido em maio não seja grande o suficiente para resgatar a quarta maior economia da região do euro.

O prêmio sobre a dívida espanhola ante os "bunds" alemães aumentou a um nível recorde da era do euro, ontem, e os bônus de Portugal caíram, devido a apreensões de que possam seguir o exemplo da Irlanda e Grécia, de pedir ajuda externa.

"Não está nem um pouco certo se o fundo pode ser aumentado tão fácil assim", considerando que os governos podem enfrentar resistência interna a mais um pedido, escreveram analistas do Commerzbank em nota de análise, ontem.

"Portanto, existe um risco de que os mercados possam considerar que esse comunicado seja prematuro, aumentando, assim, o pessimismo do mercado com respeito à capacidade de atuação dos responsáveis."

A economia da Espanha é quase o dobro do tamanho da economia de Portugal, Grécia e Irlanda juntos. O vice-ministro das Finanças, Jose Manuel Campa, disse em entrevista ontem que a condição de provisão de recursos do país para o resto do ano é "confortável".

O rendimento sobre o bônus de 10 anos do governo da Espanha aumentou para 5,17% no fim da tarde de ontem em Londres. O euro foi negociado a US$ 1,3370.

A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) criaram o fundo de ? 750 bilhões em maio depois que a iminência de calote grego ameaçou a sobrevivência da moeda comum. Klaus Regling, que administra a maior parte do fundo, disse ao "Bild- Zeitung" em uma entrevista publicada ontem que ele é suficientemente grande para todos os países membros.

A Alemanha, que hoje descartou expandir o fundo, está resistindo à pressão vinda da Comissão Europeia, de duplicar o seu tamanho, noticiou o jornal "Die Welt", sem mencionar onde obteve a informação.

Weber disse em Berlim ontem que, se Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha ficarem incapacitados de refinanciar a dívida – cenário que ele considera inconcebível -, os fundos de resgate de ? 1,07 trilhão serão necessários.

Cerca de ? 925 bilhões foram empenhados por meio do fundo de resgate de ? 750 bilhões, do pacote de ajuda grego de ? 110 bilhões e dos ? 65 bilhões de compras de bônus do BCE, deixando déficit de ? 140 bilhões, disse Weber. "O euro não falirá como resultado dessa diferença."

Weber, que havia dito que o BCE precisa começar a retirar parte das suas medidas emergenciais de estímulo no próximo ano, afirmou que os governos farão "o que for necessário para assegurar que o euro se mantenha".

Um importante candidato para assumir o cargo de Jean-Claude Trichet como dirigente do BCE no próximo ano, Weber apoiou as propostas do governo alemão de criar um mecanismo permanente de resolução de crises assim que o fundo de resgate expirar em 2013.

"No intuito de não distorcer incentivos para investidores, os credores privados não deveriam ser aliviados das suas responsabilidades", disse Weber, que preside o Bundesbank (BC) da Alemanha.

A ajuda futura para países-membros da zona do euro deveria ser vinculada a "condições rigorosas" e só seria usada "quando a estabilidade da união monetária como um todo estiver em perigo", ele disse.

Fonte: Bloomberg /  Christian Vits e Mark Deen

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