O contágio originado a partir da crise da dívida soberana da Europa está se espalhando para a Espanha, disseminando temores de que o fundo de resgate estabelecido em maio não seja grande o suficiente para resgatar a quarta maior economia da região do euro.
O prêmio sobre a dívida espanhola ante os "bunds" alemães aumentou a um nível recorde da era do euro, ontem, e os bônus de Portugal caíram, devido a apreensões de que possam seguir o exemplo da Irlanda e Grécia, de pedir ajuda externa.
"Não está nem um pouco certo se o fundo pode ser aumentado tão fácil assim", considerando que os governos podem enfrentar resistência interna a mais um pedido, escreveram analistas do Commerzbank em nota de análise, ontem.
"Portanto, existe um risco de que os mercados possam considerar que esse comunicado seja prematuro, aumentando, assim, o pessimismo do mercado com respeito à capacidade de atuação dos responsáveis."
A economia da Espanha é quase o dobro do tamanho da economia de Portugal, Grécia e Irlanda juntos. O vice-ministro das Finanças, Jose Manuel Campa, disse em entrevista ontem que a condição de provisão de recursos do país para o resto do ano é "confortável".
O rendimento sobre o bônus de 10 anos do governo da Espanha aumentou para 5,17% no fim da tarde de ontem em Londres. O euro foi negociado a US$ 1,3370.
A União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) criaram o fundo de ? 750 bilhões em maio depois que a iminência de calote grego ameaçou a sobrevivência da moeda comum. Klaus Regling, que administra a maior parte do fundo, disse ao "Bild- Zeitung" em uma entrevista publicada ontem que ele é suficientemente grande para todos os países membros.
A Alemanha, que hoje descartou expandir o fundo, está resistindo à pressão vinda da Comissão Europeia, de duplicar o seu tamanho, noticiou o jornal "Die Welt", sem mencionar onde obteve a informação.
Weber disse em Berlim ontem que, se Grécia, Irlanda, Portugal e Espanha ficarem incapacitados de refinanciar a dívida – cenário que ele considera inconcebível -, os fundos de resgate de ? 1,07 trilhão serão necessários.
Cerca de ? 925 bilhões foram empenhados por meio do fundo de resgate de ? 750 bilhões, do pacote de ajuda grego de ? 110 bilhões e dos ? 65 bilhões de compras de bônus do BCE, deixando déficit de ? 140 bilhões, disse Weber. "O euro não falirá como resultado dessa diferença."
Weber, que havia dito que o BCE precisa começar a retirar parte das suas medidas emergenciais de estímulo no próximo ano, afirmou que os governos farão "o que for necessário para assegurar que o euro se mantenha".
Um importante candidato para assumir o cargo de Jean-Claude Trichet como dirigente do BCE no próximo ano, Weber apoiou as propostas do governo alemão de criar um mecanismo permanente de resolução de crises assim que o fundo de resgate expirar em 2013.
"No intuito de não distorcer incentivos para investidores, os credores privados não deveriam ser aliviados das suas responsabilidades", disse Weber, que preside o Bundesbank (BC) da Alemanha.
A ajuda futura para países-membros da zona do euro deveria ser vinculada a "condições rigorosas" e só seria usada "quando a estabilidade da união monetária como um todo estiver em perigo", ele disse.
Fonte: Bloomberg / Christian Vits e Mark Deen