Instituição inteiramente centrada na concessão de crédito consignado, o BMG radicalizou a aposta no setor no ano passado. Dos R$ 8,1 bilhões de crédito que gerou no ano passado, 81%, ou R$ 6,5 bilhões, foram para os empréstimos com desconto em folha. Da carteira total de R$ 18,7 bilhões, as consignações para aposentados somam R$ 8,3 bilhões e as destinadas ao funcionalismo público, R$ 7,2 bilhões.

Os R$ 2,2 bilhões restantes ainda são remanescentes das operações com empregados do setor privado que estão sendo encerradas.
A atividade proporcionou ao BMG um lucro líquido de R$ 522 milhões, ante R$ 240 milhões obtidos em 2008. "Banco médio tem que ser focado, não pode atuar em todos os nichos", afirma o presidente do BMG, Ricardo Annes Guimarães.

O BMG minimiza a possibilidade de o Banco do Brasil – o maior no crédito consignado – fechar novas parcerias de exclusividade com governos estaduais e municipais, tendo em vista que já detém o pagamento da folha de servidores.

Recentemente, o BB fez acordos neste sentido com o Rio Grande do Norte e, em parceria com o Bandes e a Caixa Econômica Federal, com o Espírito Santo. "O custo político de se estabelecer uma medida como essa é alto, porque os funcionários públicos podem deduzir que serão prejudicados caso não haja mais concorrência pelo consignado", comenta Guimarães.

De acordo com Guimarães, são raros os Estados onde o BMG não conseguiu estabelecer convênios para atuar com a administração estadual. O Estado de São Paulo é um deles, além do Rio Grande do Sul.

Da carteira de empréstimos do BMG, R$ 6,548 bilhões estão em mãos do próprio banco, valor 30% superior aos R$ 4,294 bilhões que o banco detinha em 2008. O restante foi transacionado nas operações de cessão de crédito, que constituem a principal fonte de captação do banco.

A cessão foi de R$ 8,7 bilhões no ano retrasado e de R$ 8,8 bilhões no ano passado, o que representou 62% do total de R$ 17,8 bilhões da captação. Compraram carteira do BMG o Bradesco, BNP Paribas, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil.

O BMG, de propriedade da família Pentagna Guimarães e com capital fechado, foi envolvido no escândalo do mensalão em 2005. Na ocasião, a instituição concedeu empréstimos para o PT, tendo o empresário Marcos Valério de Souza como avalista. O Ministério Público Federal levantou suspeitas de que a operação tenha sido fraudulenta.

O BMG alegou que a operação obedeceu a todas as normas do Banco Central e que Valério, como avalista, poderia arcar com a dívida. O caso ainda está em tramitação no Supremo Tribunal Federal, sob relatoria do ministro Joaquim Barbosa.

Segundo Guimarães, o episódio não afetou os negócios do banco. "Nunca deixamos de ter resultado positivo", afirma o banqueiro, que destacou o fato de o banco ter realizado em novembro de 2009 uma captação de US$ 300 milhões em dívida subordinada, para pagamento em dez anos, coordenada por Morgan Stanley, BTG Pactual, Santander e UBS, o que demonstraria a credibilidade do banco. "O impacto concreto em termos operacionais foi zero", afirma o presidente do BMG.

Fonte: Valor Econômico / Cesar Felício, de Belo Horizonte

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