Três meses após realizar sua primeira captação externa em 14 anos, quando levantou US$ 300 milhões, o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) já está preparando outra operação, pela qual espera levantar US$ 700 milhões.

Porém, diferente do que ocorreu em novembro do ano passado, quando emitiu notas de crédito com prazo de cinco anos, a instituição venderá agora papéis de dez anos, segundo informou ao Valor Econômico o seu presidente, Roberto Smith.

De acordo com o executivo, a necessidade de recursos para atender à crescente onda de investimentos em curso na região Nordeste também levará o banco a emitir Letras de Crédito Agrícola, em uma operação de R$ 500 milhões. As duas ofertas, segundo Smith, estão sendo estruturadas e devem ser lançadas ainda no primeiro semestre deste ano.

O presidente do banco também irá bater novamente à porta do governo federal, que recentemente prometeu injetar no BNDES recursos do Tesouro. Smith informou que se reunirá nos próximos dias com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a quem externará as necessidades de funding do BNB, calculadas em cerca de R$ 10 bilhões.

Durante os últimos anos do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o executivo reivindicou por diversas vezes, todas sem sucesso, aportes federais que elevassem a capacidade de financiamento da instituição. Apesar disso, segundo Smith, o governo anterior sinalizou que as instituições deveriam buscar, cada vez mais, recursos de longo prazo no mercado.

"Porém, quando o noticiário mostra o Tesouro dando uma quantia ao BNDES, vamos procurar a nossa parte. Também temos direito", afirmou.

Ele lembrou que o BNB deverá financiar uma parte importante dos grandes projetos de investimento do Nordeste, como as usinas de geração eólica e a fábrica da Fiat em Pernambuco, por exemplo.

"Hoje tenho uma reunião com a Petrobras, para tratarmos do financiamento das empresas nordestinas que estarão na cadeia de fornecedores do pré-sal", complementou Smith, cuja permanência no cargo ainda é incerta. "Não sei se fico. Se ficar, vou brigar por isso [mais recursos para o BNB]", completou.

O Banco do Nordeste fechou o ano passado com lucro líquido de R$ 313,6 milhões, uma queda de 31,7% em relação ao exercício anterior, quando o ganho somou R$ 459 milhões.

De acordo com Smith, o recuo se deveu em boa parte ao maior volume de provisões para créditos de liquidação duvidosa. A carteira de empréstimos total somou R$ 20,35 bilhões, alta de 9,8% ante o verificado em 2009.

Fonte: Murilo Camarotto | Valor Online

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