Carente de funding de longo prazo, o Banco do Nordeste (BNB) voltará a captar dinheiro no exterior após mais de uma década. A instituição está preparando um conjunto de operações no mercado internacional que poderão somar US$ 600 milhões. De acordo com seu o presidente, Roberto Smith, os últimos detalhes estão sendo acertados e devem ser divulgados nos próximos dias.

A ideia é que os recursos deem algum fôlego financeiro ao banco diante da grande e crescente demanda da região Nordeste, onde a contratação de crédito cresce em ritmo superior à média nacional nos últimos anos. Além da captação externa, cujo volume irá depender das condições de mercado, a instituição espera conseguir mais recursos federais.

"Estou pedindo mais dinheiro para o presidente Lula e para o BNDES", informou Smith, para quem as condições do mercado internacional voltaram a ficar interessantes após a crise.

O executivo admite estar preocupado com a capacidade de o banco fazer frente à importante onda de investimentos que estão chegando à região. Como exemplo, ele citou os projetos de construção de parques eólicos, que vão a leilão no final deste mês.

Cerca de 90% dos empreendimentos inscritos estão no Nordeste e a expectativa do setor é de que o leilão gere uma necessidade de pelo menos R$ 10 bilhões em investimentos. "Esse é o meu problema. Tenho que correr atrás desse dinheiro", disse o executivo.

Diante do dinamismo econômico da região, o banco espera fechar 2010 com um crescimento de 8% a 10% no saldo da carteira de crédito. Ao final do primeiro semestre, o valor estava em R$ 38,1 bilhões, alta de 16,5% ante o mesmo período de 2009. O desempenho, segundo Smith, foi puxado pelos empréstimos às micro e pequenas empresas, especialmente dos setores comercial e de serviços. O crédito rural também teve papel importante.

Entre as grandes empresas, tiveram destaque no período os empréstimos aos setores têxtil, de alimentos e de energia.

Apesar da expansão da carteira, o lucro líquido do Banco Nordeste caiu 17,7% em relação aos seis primeiros meses do ano passado, para R$ 110 milhões. Smith explicou que a queda foi causada por um volume ainda elevado de provisões para créditos de liquidação duvidosa, que somaram R$ 178 milhões. O presidente garantiu, no entanto, que as provisões devem ser reduzidas no segundo semestre, o que deve gerar um resultado melhor para o banco.

Fonte: Valor Econômico / Murillo Camarotto

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