Tamanho volume de recursos, segundo o BNDES, deverá contribuir para o país elevar, até 2014, a taxa de investimento dos atuais 19% para mais de 22% do Produto Interno Bruto (PIB).
Superintendente da Área de Pesquisa Econômica do BNDES, Ernani Torres Filho afirma que tal cenário só não se confirmará caso ocorra um recrudescimento – para ele, pouco provável – das turbulências nos países do Oriente Médio e do norte da África.
"A crise de 2008 foi um fenômeno muito raro, motivado por um cenário de pânico, geralmente ligado a entrada e saída de guerras", minimizou.
Embora tenha evitado prognósticos quanto aos efeitos da crise árabe nos rumos do mercado mundial de petróleo, o economista projeta, para os próximos anos, um crescimento global puxado principalmente pelos emergentes. Estados Unidos e União Europeia, em contraste, deverão permanecer com taxas mais modestas de PIB.
Gargalo dos juros
No Brasil, Torres projeta que o BNDES deverá permanecer, nos próximos anos, como o grande financiador do crescimento brasileiro, apesar das medidas do governo para estimular prazos de financiamento mais longos dos bancos privados.
Com tanto dinheiro em jogo e a maior taxa de juro do mundo, diz, caberá ao banco de fomento a tarefa de suprir a maior parte da demanda por crédito para bancar o volume de investimentos.
Para o executivo, maior participação dos bancos privados só virá quando a taxa básica de juros, a Selic, cair para patamar de um dígito, e por lá permanecer por pelo menos quatro anos.
"O Brasil está no limiar de um boom do crescimento do crédito de longo prazo", projeta Torres.
"Tudo vai depender da retomada da trajetória de queda da taxa Selic, quando a inflação der sinais de trégua. Estimo de dois a quatro anos para isso acontecer".
Distribuição
Os setores de petróleo, energia elétrica e construção civil deverão responder pela fatia principal (R$ 1,22 trilhão) do total dos investimentos no período. Encabeçados pela Petrobras, os investimentos da área petrolífera deverão alcançar R$ 378 bilhões entre 2011 e 2014.
Já os de energia, demandarão outros R$ 139 bilhões, enquanto a construção civil investirá R$ 607 bilhões, capitaneada por programas como o Minha Casa, Minha Vida e pelas obras para a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
"O setor de petróleo e gás será a grande locomotiva da indústria brasileira, nos próximos anos, o que representa o grande diferencial em relação aos anos 1970", projeta Torres.
"O maior desafio, no entanto, será como otimizar os ganhos para a cadeia nacional de fornecedores. Isso precisa ser convertido em aumento de competitividade tecnológica para a indústria brasileira."
O superintendente do BNDES também exalta o que classificou de bom posicionamento do país não só na área petrolífera, mas também na mineral e agrícola. Tal fato, diz Torres, representa um dos grandes diferenciais do país, em termos produtivos, frente ao resto do mundo.
Fonte: Ricardo Rego Monteiro – Brasil Econômico