"O sistema financeiro brasileiro está passando por um processo de concentração, que ainda não acabou, e os grandes bancos estão buscando adquirir os menores. Diante das fusões, o Mercantil do Brasil acaba se encolhendo e fica com mais dificuldades de competir com bancos maiores", avalia Wiederkehr.
"A nossa preocupação é com o emprego dos bancários, pois o Mercantil possui 179 agências e pontos de atendimento e conta com 700 mil clientes, principalmente em Minas Gerais", destaca.
Hoje, o Santander – que é dono do Real desde 2007 – tem 10 milhões de correntistas e 3.587 pontos de venda, entre agências e postos de atendimento. O volume é 20 vezes maior do que o do Mercantil.
Lucrativo
Embora as instituições não confirmem nenhuma negociação, o balanço do banco mineiro mostra que o espanhol tem bons motivos para querer comprá-lo. No primeiro trimestre deste ano, a carteira de crédito cresceu 8%, puxada por produtos de crédito pessoal e crédito consignado.
No ranking do Banco Central, ele é o décimo em carteira de crédito. E a rentabilidade sobre o patrimônio líquido médio atingiu 15,3% ante 4,3% em 2009. O banco obteve lucro de R$ 113,5 milhões.
O presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte, Clotário Cardoso, afirma que não sabe se existe fundo de verdade nos boatos do interesse do Santander no Mercantil, mas lamentaria se houvesse algum fundo de verdade nos rumores. "Ficamos apreensivos com esses boatos e espero que não haja nenhum fundo de verdade, pois a venda do Mercantil acarretaria perdas em postos de trabalho", destaca.
Bancos cortaram 8.828 postos em 2009
Em 2007, o Santander anunciou a fusão com o Real. No ano seguinte, o Itaú se uniu ao Unibanco e, juntos, transformaram-se na maior instituição financeira do hemisfério Sul.
Em 2009, os dois gigantes demitiram 8.828 funcionários. Embora tenha sido o que mais lucrou, o Itaú Unibanco também foi o que mais demitiu, fechando 7.176 postos de trabalho. O Santander cortou 1.652 empregos. Juntas, as duas instituições mandaram 8.828 pessoas embora, segundo a Contraf-CUT.
Para Cardoso, as estatísticas revelam o mal que as fusões trazem para o país. "Temos que lutar por uma regulamentação do sistema financeiro, para evitar que poucas grandes instituições monopolizem o mercado e prejudiquem clientes com altas tarifas e trabalhadores com demissões", salienta.
Banco do Brasil
Além das fusões dos bancos privados, o Banco do Brasil tem adquirido instituições para retomar a liderança no mercado.
O BB comprou o último banco estadual de São Paulo, Nossa Caixa, que estava em processo de desmonte no governo Serra. Antes, o Banespa havia sido privatizado, em 2000, no governo Covas/Alckmin. Ambos sob administração do PSDB.
Fonte: Contraf-CUT com O Tempo, de BH