“É um governo que governa de costas para 90% do povo brasileiro. Não tem autoridade moral e apela para a repressão”, disse o ativista – O coordenador da Frente Povo Sem Medo e do Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, disse na segunda-feira (1º), em São Paulo, que a greve geral da última sexta-feira (28) deixou presos políticos – três manifestantes do movimento foram detidos, na zona leste de São Paulo. Eles ainda não haviam sido liberados e podem ser levados a presídios a partir desta terça (2). “Estão detidos até agora e tiveram pedidos de liberdade negados por motivos esdrúxulos, por uma juíza que alegou defesa da ordem pública, o que é típico de um regime de exceção. São presos políticos da Greve Geral”, afirmou o ativista. As declarações foram dadas durante manifestação pelo 1º de Maio organizada pelas centrais sindicais CUT, CTB e Intersindical e pelas frentes populares, na Avenida Paulista.
Luciano Antônio Firmino, Ricardo Rodrigues dos Santos e Juracy Alves dos Santos estão detidos no 63º DP, em Jacuí, região de São Miguel Paulista, zona leste da capital. Segundo a juíza Marcela Filus Coelho, eles cometerem crimes dolosos e foram indiciados por explosão, incêndio criminoso e incitação ao crime.
Sobre a greve geral, Boulos afirmou ter sido “um sucesso absoluto” e, para ele, prova do alcance nacional alcançado pelo movimento foi a manifestação do “interlocutor suspeito, aquele cidadão que é ministro da Justiça (Osmar Serraglio, que tentou diminuir o impacto da greve geral)”.
“É um governo que governa de costas para 90% do povo brasileiro. Não tem autoridade moral e apela para a repressão. Tiveram a cara de pau de dizer que a greve geral foi um fracasso. Fracasso é o senhor Michel Temer, o golpe que ele deu e que já está indo por água abaixo”, concluiu Boulos.
Táticas
Para o coordenador da Frente Brasil Popular, Raimundo Bonfim, foi uma greve singular. “Os movimentos sociais foram fundamentais em várias ações”. Ele refutou comentários veiculados na imprensa, de que os movimentos teriam feito “guerrilha urbana”. “Não foi guerrilha urbana, foi uma tática de organização popular nas favelas e nas periferias. “Vamos usar de todos os meios necessários para deter essas reformas, para que a gente possa voltar a ter crescimento econômico e democracia.”.
Segundo os ativistas, o indiciamento dos três militantes do MTST é mais uma mostra da tentativa de criminalizar os movimentos sociais e da repressão policial às manifestações populares. No ano passado, militantes do movimento foram indiciados em Goiás e no Paraná sob alegação de integrar “organização criminosa”. Em consequência, acabaram enviados a presídios. No início de 2017, o próprio Guilherme Boulos foi detido durante um protesto em São Paulo.