A Companhia Brasileira de Soluções e Serviços (CBSS), mais conhecida como administradora dos cartões de vale-alimentação e vale-refeição Visa Vale, vai pagar R$ 976,9 milhões ao Bradesco pela aquisição das fatias do banco na Ibi Promotora de Vendas e na processadora Fidelity.

O arranjo faz parte do acordo do Bradesco com o Banco do Brasil para constituir a Elo Participações, holding não operacional a partir da qual as instituições vão concretizar o projeto da bandeira elo, anunciado há quase um ano. As tratativas para a Caixa Econômica Federal integrar a sociedade estão sendo finalizadas e a previsão é de que, finalmente, os primeiros cartões com a marca genuinamente nacional comecem a ser emitidos pelos três bancos neste mês. O parque de maquininhas leitoras (POS, na sigla em inglês) da Cielo já está pronto para capturar o elo.

Conforme o desenho original, o Bradesco terá 50,01% na Elo Participações, enquanto o Banco do Brasil ficará com 49,99% do negócio. Debaixo dela haverá uma holding de serviços, responsável pela gestão da bandeira elo, nas modalidades crédito, débito e pré-pago. Essa estrutura vai abarcar ainda a própria CBSS, que já é controlada por Bradesco e Banco do Brasil, com participações de 50,1% e 49,99%, respectivamente, depois que a Visa International vendeu aos bancos, em janeiro, a fatia de 10% que tinha na empresa por R$ 171,3 milhões. É nessa caixa que entrarão a Fidelity e a Ibi.

A incorporação da promotora pela CBSS tem o intuito de potencializar o negócio de cartões pré-pagos, uma das principais pernas da bandeira elo, enquanto a Fidelity já é a processadora dos cartões Visa Vale, segundo o diretor da Bradesco Cartões, Marcelo Noronha. "Verticalmente tem uma cadeia de sinergias, já prevista no plano de criação da elo."

Debaixo da Elo Participações será criado também o Banco Elo para acomodar algumas parcerias de "private label" e os serviços financeiros que serão incorporados ao novo cartão. O próximo passo é formalizar a constituição do braço financeiro junto ao Banco Central (BC). Como os cartões elo serão emitidos por instituições financeiras já constituídas, BB, Bradesco e Caixa, não há necessidade de se esperar o aval da autoridade reguladora para que os plásticos comecem a ser distribuídos nas três redes.

A Ibi, promotora que veio no pacote da aquisição do Banco ibi pelo Bradesco, foi avaliada em R$ 419 milhões, enquanto a parcela de 49% do banco na processadora – criada em 2006 em conjunto com o ABN Amro Real numa associação com a americana Fidelity -, rendeu os outros R$ 557,9 milhões, sendo R$ 328,9 milhões pela avaliação de performance futura. Como o Bradesco tem metade da CBSS, ele está indiretamente pagando metade da aquisição. Os recursos, contudo, vão representar de fato caixa para o banco, explica Noronha.

A Elo Participações, segundo comunicado do Banco do Brasil, ainda pode ser o veículo usado para consolidar negócios conjuntos relacionados a terminais de autoatendimento. Tal possibilidade faz referência ao projeto Alfa, de compartilhamento de terminais selado entre Banco do Brasil, Bradesco e Santander no ano passado. Como o Santander não integra a Elo Participações, na empresa podem ser acomodadas, eventualmente, as parcelas de BB e Bradesco no negócio.

Fonte: Valor Econômico / Adriana Cotias