Apesar de condenações na Justiça, banco continua a punir quem adoece – Nem mesmo depois de inúmeras condenações, que renderam pesadas indenizações e reintegração ao emprego, o Bradesco em Rondônia deixou de demitir indiscriminadamente funcionários portadores de doença ocupacional (LER/Dort), alguns pela segunda vez.
Isso ficou comprovado com a demissão, em pouco mais de trinta dias, de dois funcionários com aproximadamente trinta anos de carreira e ambos reconhecidamente diagnosticados, pelos peritos do INSS e da Justiça Trabalhista, como portadores de lesões causadas por esforços repetitivos na jornada de trabalho.
O primeiro funcionário foi demitido no dia seguinte ao fim da greve nacional dos bancários, que durou 31 dias e foi encerrada no dia 6 de outubro.
O segundo foi desligado no início deste mês de novembro. Este último, de acordo com o Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), já teria sido demitido pelo Bradesco e conquistado, via judicial, sua reintegração ao emprego e indenizações por danos morais e materiais. Ou seja, a Justiça do Trabalho já reconheceu que o trabalhador tem o seu quadro de saúde comprometido pelo trabalho executado ao longo de quase três décadas no banco, que sua capacidade laboral jamais seria reestabelecida totalmente e, por isso, não poderia ser demitido, fato que novamente foi desprezado completamente pelo Bradesco.
E como se não bastasse o Bradesco ainda tem adotado uma prática de contestar todas as Comunicações de Decisão de Espécie fornecidas pelos peritos do INSS, que reconhecem o caso como Acidente de Trabalho (B 91), alegando não existir o nexo causal, que é a culpa indireta do empregador pela lesão sofrida pelo trabalhador.
“E não podemos deixar de destacar que o Bradesco, além dessa onda temerosa de demissões injustificadas, ainda causa ao seu trabalhador uma rotina de constante pressão, exploração e assédio moral, a exemplo do que vem acontecendo em todas as agências bancárias que absorveram a mão de obra do HSBC, adquirido recentemente pelo Bradesco. O ambiente de trabalho tornou-se um verdadeiro caos tanto para os bancários do Bradesco quanto do HSBC que, com um clima de pressão e cobranças contínuas, aliadas às péssimas condições de trabalho, ficam adoecidos e ainda assim o banco os ‘presenteia’ com essas súbitas demissões”, avaliou Ivone Colombo, diretora de Saúde do Sindicato e funcionária do Bradesco.
Ivone aproveitou para alertar aos bancários lesionados que estão com suas CAT’s (Comunicação de Acidente de Trabalho) vencidas, para que procurem um médico do trabalho para nova avaliação e, assim, que consigam uma reabertura dessa comprovação.
O Bradesco divulgou na última quinta-feira (10) o balanço do último trimestre, já com a incorporação do HSBC (a partir de 1 de julho) com lucro de R$ 4,462 bilhões. Nos primeiros nove meses do ano o lucro foi de R$ 12,736 bilhões com o banco mantendo excelente rentabilidade de 17,6%. Mesmo lucrando muito, enquanto o país passa por profundo processo recessivo, o Bradesco cortou 4.790 postos de trabalho.