No final do ano, após o anúncio de mais resultados positivos da economia, o presidente Lula afirmou: “quem torcer para esse país não dar certo vai simplesmente quebrar a cara”. No ano seguinte ao estouro da crise americana, a afirmação soa ousada, mas o cenário previsto para 2009 não está muito longe de comprovar a tese do presidente.
A onda de fusões e aquisições que ocorreu em meio à turbulenta crise financeira mundial deve continuar no próximo ano. Segundo o economista Luiz Alberto Rabi Jr, da MCM Consultores, esse processo é recorrente na economia e foi muito intenso nos primeiros anos do Plano Real, na década de 90. “Acredito que essa onda de fusão continuará por algum período, mas com menos intensidade. Provavelmente, bancos estrangeiros que enfrentam problemas lá fora devem vender suas operações no Brasil”, diz o economista.
Para Luiz Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil, o País vai passar por um período de indefinição em 2009. “Deveremos passar por um marasmo em relação a investimentos no setor de petróleo e novas descobertas, como tivemos em 2008. O mercado vai ficar mais seletivo a notícias deste tipo”, afirma. O economista também acredita que a produção dos combustíveis alternativos também será afetada, como o biodiesel. “Essa visão de que o Brasil poderia ser um provedor mundial de combustíveis alternativos depende muito do nível do preço do petróleo”.
O desemprego deve aumentar, mas com um impacto bem menor do previsto para os países mais afetados pela crise global. Leal lembra que muitas empresas brasileiras estão driblando as demissões em massa com mecanismos alternativos, como férias coletivas. “Um ponto importante é que boa parte das vagas criadas é formalizada, ou seja, o trabalhador teve a carteira assinada. Por si só, isso inibe o empregador a dispensar seus funcionários”, diz.
Brasil protegido – Enquanto os países que estavam no centro da crise financeira devem lutar contra a recessão em 2009, o Brasil se protegeu o suficiente para evitar este cenário num futuro próximo. Mas esta blindagem não deve evitar que o País passe pela desaceleração da economia. Para Rabi Jr, o Brasil será um dos menos afetados pela crise. “Nossa previsão é crescimento próximo de zero em quase todo o mundo, menos no Brasil, que deverá ver o PIB de 2% a 3% maior no final de 2009”.
O retorno a patamares mais ambiciosos de crescimento econômico será mais rápido para o Brasil, segundo os economistas. “Ao contrário dos Estados Unidos, o Brasil possui um setor bancário solvente e está preparado para o retorno à normalidade da economia mundial”, diz Roberto Padovani, estrategista-sênior para América Latina do Banco West LB.
Fonte: SEEB – CE / Informes