O ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Lupi, informou na quinta-feira, dia 11, que o Brasil criou em maio mais de 106 mil vagas formais de trabalho em termos líquidos (acima do número de demissões), o que confirmaria uma reversão na tendência de queda no mercado de empregos. "Vamos gerar mais de 1 milhão de empregos, o PIB vai crescer mais de 2% este ano, pode apostar e cobrar depois", afirmou Lupi, ao chegar a Genebra para participar da Conferência Mundial do Trabalho.

A projeção de geração de empregos este ano no país é menor em 31% ao total de 1,450 milhão de vagas novas criadas em 2008. Para Lupi, o resultado é satisfatório diante dos estragos causados pela recessão na economia mundial.

Por sua vez, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) e a Comissão Econômica da ONU para a América Latina (Cepal) divulgaram relatório mostrando que o desemprego aumentou em mais de 1 milhão de pessoas no primeiro trimestre na região. A taxa anual pode chegar a 9,1% – em 2008, atingiu 7,5%. Isso significa que entre 2,8 milhões e 3,3 milhões de pessoas podem se somar aos 15,9 milhões de desempregados nas zonas urbanas no ano passado.

A maioria dos países da região registrou queda de emprego – queda moderada no Brasil e na Colômbia, e mais acentuada no México, Chile e Equador. Somente Uruguai, Venezuela e Argentina aumentaram o emprego em relação ao ano passado. Com relação ao incremento médio dos salários, foi de 4,5% no Brasil e 6,1% no Uruguai, enquanto a Venezuela registrou a maior queda, de 5,4%.

No caso do Brasil, OIT e Cepal preveem alta 8,4% para 8,6% na taxa de desemprego este ano, mas Lupi acha que "as pessoas estão olhando pelo retrovisor" . Argumenta que, até janeiro, houve forte queda no mercado de trabalho, estagnação em abril, mas a situação em maio já foi melhor. Ele espera mais sinais positivos, baseado em projeção de expansão do PIB entre 1,2% e 1,5% no segundo trimestre.

Segundo o ministro, todos os setores dão sinais de recuperação do emprego, começando pelos serviços, além de a construção civil estar reagindo bem e a agricultura estar particularmente forte em Minas e São Paulo. Até a indústria, "que vinha ladeira abaixo" , voltou a empregar em maio.

Lupi prevê que, do segundo semestre em diante, "vai ter emprego muito forte na indústria". Hoje, na conferência, o ministro dirá que o Brasil é o único país do G-20 que está gerando emprego formal, considerando que China e Índia não têm sistemas de carteira assinada.

O ministro espera deslanchar no mês que vem um programa de microcrédito, com recursos do Fundo de Amparo do Trabalhador (FAT). A ideia é fornecer empréstimos de até R$ 5 mil, com taxa de juro de 0,7% ao mês, em convênio com BNB, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Fonte: Assis Moreira | Valor Econômico