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Dieese analisa conjuntura nacional, durante 12° Cecut-DF

"O Brasil tem hoje uma oportunidade única de realizar transformações, mas isso passa pela capacidade de recuperar a noção de que o país precisa de um projeto de desenvolvimento – que é um projeto para gerar riqueza para a produção da igualdade". A afirmação é do diretor técnico do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Clemente Ganz Lúcio, durante análise de conjuntura nacional e internacional nesta sexta-feira (1°), segundo dia do 12º Congresso Estadual da CUT do Distrito Federal (Cecut-DF.

Segundo Ganz, o mundo tem sofrido com a perda de empregos enquanto o Brasil vive a criação de mais de 15 milhões de postos de trabalho. "Vivemos um momento bom, mas não quer dizer que o cenário internacional não interfira no Brasil. Isso traz reflexos para o país na medida em que as nossas exportações estão fragilizadas. Por outro lado, vemos o crescimento das importações em geral, deixando a balança comercial negativa", explica.

A saída indicada por Ganz é basear a estratégia de desenvolvimento do Brasil em uma política de desenvolvimento industrial, mas sem ignorar a sustentabilidade. Segundo ele, esse processo exige do movimento sindical o entendimento de que as transformações só ocorrerão se houver uma sociedade organizada e mobilizada.

Emprego no DF

Apesar do quadro positivo, o desemprego no DF reflete a discriminação histórica contra negros e mulheres: dos 188 mil desempregados, 58% são mulheres, 75% negros e 47% jovens. Ainda assim, o desemprego local vem registrando quedas há oito anos consecutivos.

Para diminuir o número de pessoas sem emprego seria necessário, segundo o supervisor regional do Dieese-DF, Clóvis Roberto Scherer, criar cerca de 36 mil novos postos de trabalho por ano.

Segundo Scherer, o entorno do DF incha o número de desempregados, pois não há uma "política direcionada a este grupo".

Apesar do desemprego, a conjuntura tem sido de crescimento. Mesmo com um espaço regional pequeno, o DF apresenta PIB – Produto Interno Bruto – de R$ 131 milhões: o 7º maior da Federação.

O montante leva a um PIB per capita (divisão da renda pelo número de habitantes) de R$ 50.438 anuais por pessoa, quase o dobro estabelecido para São Paulo. "A gente tem que pensar que a riqueza é uma média", alerta Scherer. De acordo com ele, 10% das pessoas mais pobres do DF recebem em média R$ 366, enquanto os 10% mais ricos ganham R$ 10 mil.

Cenário político do DF

Enquanto isso, o cenário político da capital do país exige mudanças urgentes. Segundo o diretor presidente da WHD Comunicação, Hélio Doyle, os erros começaram com as alianças partidárias. "Essa insistência do governo em conceder ao vice o domínio sobre a construção civil, o setor imobiliário e o transporte, permite a criação de um feudo que compromete a imagem e atuação do governador", afirma.

Mesmo existindo uma reação do governo sobre o cenário atual, o tempo é curto, destacou Doyle. "Caso não haja mudança real, as próximas eleições serão muito complicadas para os setores progressistas", disse.

Nova direção

O 12º Cecut-DF se encerra neste sábado (2), quando o presidente do Sindicato dos Bancários de Brasília, Rodrigo Britto, deverá ser eleito como novo presidente da CUT-DF para o triênio 2012-2015.

Fonte: Seeb Brasília