No mercado interno, no primeiro ano inteiro de atuação como banco de atacado no Brasil, a CGD teve lucro líquido de R$ 11,1 milhões em 2010. Seus ativos foram a R$ 725 milhões, três vezes o valor do final de 2009. A carteira de créditos mais garantias chegou a R$ 400 milhões.
Com patrimônio líquido que totaliza R$ 413,8 milhões, a CGD tem um índice de alavancagem (Basileia, relação entre o capital e os ativos ponderados pelo risco) superior a 50%. Precisa colocar o capital para trabalhar, ainda mais considerando-se que o lucro de R$ 11,1 milhões não será distribuído, mas incorporado ao patrimônio, reduzindo ainda mais sua alavancagem.
"Precisamos ampliar nossa base de clientes com ativos de qualidade em reais", disse Deborah Vieitas. O banco tem participado até de financiamento de projetos em reais com prazo de vencimento em seis anos, como um parque de energia eólica no Ceará.
Para realizar mais empréstimos em reais, o banco pretende reforçar sua captação de recursos no mercado interno, afirma Deborah Vieitas. Além do tradicional Certificado de Depósito Bancário (CDB) comprado por investidores institucionais e até pessoas físicas, a CGD acaba de lançar sua primeira Letra Financeira (LF), de R$ 1,5 milhões e de prazo de vencimento em dois anos, ao custo de 111,25% dos juros do Certificado de Depósito Interfinanceiro (CDI). No final do ano passado, o total de captações de recursos no mercado interno da CGD estava em R$ 183 milhões.
O banco foca sua atuação no atendimento a empresas portuguesas e espanholas com presença no Brasil, mas também tem dado especial atenção a grupos brasileiros com negócios em países nos quais tem forte presença – além da Península Ibérica, o grupo atua em diversos países da África, na China e Índia. Tem presença em mais de 24 países. "Vamos abrir bancos de desenvolvimento em parceria com os governos de Angola e Moçambique e isso pode potencializar mais nossa atuação", afirma Lavrador.
Com a aquisição de 70% da corretora do Banif, anunciada em junho mas ainda não aprovada pelo Banco Central, a ideia é crescer sua participação no mercado de coordenação e distribuição de emissões de ações no país, unindo forças com sua rede internacional de distribuição junto aos investidores pessoas físicas e institucionais. Do total de receitas da CGD no Brasil em 2010, de R$ 63 milhões, 30% vieram da prestação de serviços. O banco foi um dos assessores da Portugal Telecom na transação de venda de sua participação na Vivo para a Telefónica e realizou emissões de debêntures para companhias no mercado interno.
Há cerca de dois meses, a CGD abriu uma área de gestão de recursos de terceiros para pessoas físicas "qualificadas", que queiram investir valores superiores a R$ 300 mil. O responsável é o português João Botelho, que já trabalhava na CGD e foi realocado.
O banco planeja ainda comprar uma gestoras de recursos que atue também com clientes institucionais. "Olhamos algumas empresas, mas até agora não encontramos nenhuma com a perenidade e rentabilidade esperadas", diz a executiva.
Em nível global, a Caixa Geral de Depósitos teve lucro de ? 250 milhões no ano passado, uma queda de 10% na comparação com o ano anterior. A razão: a desvalorização das ações de empresas, como a Galp e a Portugal Telecom, que a CGD tem em sua carteira. As perdas com essa marcação a mercado chegaram a passar ? 340 milhões.