O crescimento projetado para a carteira comercial é resultado de longa discussões nos últimos dois anos, sobre a necessidade de dar um novo equilíbrio ao banco. Hoje as carteiras imobiliária e de governo (projetos de infra-estrutura) representam quase 70% dos empréstimos da instituição. "Esse osso nós não vamos largar. Para nós, isso é sagrado", afirmou Hereda. A direção do banco, no entanto, decidiu fazer uma revisão geral no planejamento estratégico e dar novos rumos à Caixa.
"Já fomos o 2º maior banco do país. Hoje somos o 4º e lançamos o desafio de estarmos entre os três maiores em dez anos". Para isso, foram abertas novas fronteiras de expansão e estabelecidas várias metas de crescimento. Para viabilizar toda a expansão, a Caixa está concluindo a negociação de capitalização com o Tesouro. Hoje a instituição está com índice de Basileia baixo, em torno de 12%, abaixo da média de mercado.
A carteira de veículos que dá à Caixa 4% do mercado deve subir, com a ajuda do PanAmericano, para 10% até o fim do ano. A área de seguros e previdência, que para alguns grandes bancos representa 20% a 25% do resultado, na Caixa corresponde a 10% e tem que crescer. Se o crédito rural corresponde a algo entre 8% e 10% do mercado de crédito, a Caixa tem que ter um pedaço desse negócio. "Há oportunidade para nós em todos os campos", avalia o presidente.
Ele conta que, quando a presidente Dilma Rousseff decidiu atacar os altos juros cobrados pelos bancos e os elevadíssimos "spreads", a Caixa "enxergou uma oportunidade" e foi o banco mais agressivo no corte do custo do dinheiro nas diversas linhas de crédito. "Preferimos dividir uma parte do lucro com nossos clientes, porque entendemos que quem pular na frente agora vai estar em vantagem, pois haverá um reposicionamento dos bancos em um mercado de juros mais baixos".
Parte do lucro, portanto, foi usado para "correr atrás dos clientes" e ele garante que a estratégia está dando certo. Em 2007, antes da crise global, a Caixa tinha 6% do crédito total do sistema bancário. Em junho deste ano, a fatia subiu para 13,7% e Hereda sustenta que ao fim do ano estará em 14,5% a 15%.
Aos que olham esses dados e enxergam problemas sérios mais adiante – como, aliás, a Caixa já teve nos anos 90 – o presidente mostra a inadimplência, que é baixa, de 2,04%, e garante que os modelos de risco da instituição estão entre os melhores do mercado.
Fonte: Valor Econômico / Claudia Safatle