O balanço do primeiro semestre da Caixa Econômica Federal, divulgado nesta segunda-feira (20), endossa o que tem sido denunciado há quase dois anos pela Fenae e muitas outras entidades representativas dos empregados: o banco perde cada vez mais o seu caráter social e se aproxima das práticas de instituições financeiras privadas. Desta forma, o “Compromisso com o Brasil” parece estar restrito ao novo slogan adotado pela empresa.
De janeiro a junho de 2018, o lucro líquido da Caixa foi de R$ 6,7 bilhões, avanço de 63,3% em relação ao mesmo período do ano anterior. Trata-se do melhor resultado da história. Entre os itens enaltecidos na divulgação feita pelo próprio banco estão, nos últimos 12 meses, o recuo de 2,9% na carteira de crédito ampla, o aumento de 6,5% nas receitas com prestação de serviços e a redução de 7,5% nas despesas de pessoal.
“Como não conseguiu que a Caixa deixasse de ser 100% pública, graças à forte mobilização dos empregados, das entidades e da sociedade, o governo ataca a atuação da instituição. O banco está emprestando menos, cobrando mais nas tarifas, reduzindo o número de trabalhadores com planos de demissão e aposentadoria, cortando funções e precarizando as condições de trabalho. O caráter social está perdendo cada vez mais espaço, o que prejudica todos os brasileiros, sobretudo os mais carentes”, diz o presidente da Fenae, Jair Pedro Ferreira.
Jair Ferreira acrescenta que está cada vez mais escancarado o plano do governo para enfraquecer e diminuir a empresa. “Só para citar um dos casos mais recentes, vejamos o que ocorre com a Pró-cotista, linha de financiamento habitacional que utiliza recursos do FGTS, a mais barata do mercado. Enquanto a Caixa a suspendeu para imóveis usados, o Santander passou a oferecer empréstimos por meio da linha e o Bradesco informou que vai operá-la em 2019”, afirma.
Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE/Caixa) e diretor da Fenae, observa que o lucro tem sido obtido às custas da categoria. “Redução do quadro de pessoal, corte de funções, não pagamento de horas extras e retirada de direitos, a exemplo das mudanças no Saúde Caixa, atingem em cheio as bancárias e os bancários, que estão mais sobrecarregados e adoecendo”, frisa. Ele condena: “na mesa de negociação, a direção da Caixa insiste que não tem condições de atender nossas reivindicações. Com um resultado destes, é um absurdo a Caixa ter apresentado proposta de redução e retirada de direitos dos trabalhadores na mesa de negociação”.
Ainda segundo o presidente da Fenae, é fundamental que empregados, entidades e sociedade reforcem a luta. “Essa Caixa que prioriza o lucro não interessa à população. Como fizemos na década de 90, temos que nos unir contra os ataques comandados pelo governo, que no CA do banco é representado pela presidente Ana Paula Vescovi. E uma das armas que temos é o voto nas eleições de outubro, quando teremos a chance de escolher projetos que defendam a Caixa 100% pública e a serviço dos brasileiros”, finaliza.
Confira abaixo a tabela resumo do balanço Caixa e leia a íntegra da análise do Dieese.