"Já temos um fundo de participações aqui no Brasil com investimentos no setor de óleo e gás, mas a demanda é muito grande e os projetos de infraestrutura vão necessitar de muitos recursos nos próximos anos", disse Tarragó. O banco também administra o fundo de investimentos com dinheiro do FGTS (FI-FGTS).
Segundo ele, essa é a primeira experiência da Caixa no mercado internacional, mas a recepção tem sido positiva. "Todos conhecem a Caixa e perguntam até mesmo sobre o Minha Casa Minha Vida [programa de habitação popular do governo gerido pela instituição]".
A recente turbulência na Europa é um ponto de preocupação por conta do aumento da aversão ao risco global, mas Tarragó não acredita que a crise inviabilizará a operação. "Há muito interesse em investir no Brasil. Vamos captar o máximo que conseguir nessa primeira tranche para dar início aos investimentos. Depois podemos fazer novas captações", conclui.
Entre os investimentos em estudo pela Caixa, estão projetos de hidrelétrica, além de operações de óleo e gás, principalmente em empresas fornecedoras da Petrobras.
A experiência da Caixa no mercado internacional pode servir também de laboratório para um projeto mais ambicioso da instituição. Desde o fim do ano passado, o banco prepara a primeira emissão de títulos no exterior, possivelmente uma colocação de dívida subordinada. O mercado externo, no entanto, está fechado para novas emissões no momento.
Mais do que captar recursos, a ideia é manter uma curva de papéis da instituição no exterior até para servir de referência para outras operações de empresas e bancos brasileiro. Na visão da Caixa, o banco estatal brasileiro precisa ter acesso aos mercados mundiais.
A instituição já trabalha para contratação do banco de investimento e de escritórios de advocacia. A expectativa é concluir ainda este ano, mas como o banco não tem experiência, os executivos já trabalham com uma previsão para o início de 2011.
A Caixa tem ampliado sua atuação internacional. Além dos escritórios no Japão e nos Estados Unidos, abertos há cerca de três anos, o banco acabou de abrir um terceiro escritório, na Venezuela.
Esses postos funcionavam basicamente para o atendimento a brasileiros no exterior. Mas está em fase final o piloto para operação de câmbio para clientes e os escritórios nesses países serão importantes também para captação de recursos em moeda estrangeira, disse Tarragó.
Fonte: Valor Econômico / Fernando Travaglini, de Brasília