Para dar um passo como esse em 2007, a subsidiária do espanhol Santander teve que comprar o Banco Real, filial do holandês ABN Amro, por US$ 21 bilhões.
À época, o Santander tinha 4,55% do crédito brasileiro, que já era visto como o de maior potencial de crescimento no mundo, enquanto o Real somava 6,76%. Juntos, os dois tinham 11,31%, segundo dados do Banco Central. Hoje, somam 10,33%.
"O crescimento que tivemos é maior do que com uma aquisição. Quando se fala em ‘market share’ do crédito, você está brigando por vírgula sempre", disse Fabio Lenza, vice-presidente da Caixa.
"Tem muita aquisição que não traz um volume de crédito como o que a Caixa conquistou. Mas tem de lembrar que a Caixa é gigante, estava concentrada só no crédito imobiliário, e aproveitava mal sua capacidade de fazer empréstimos até 2007", disse Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings.
ESTRATÉGIA
Primeiro, a Caixa cresceu no vácuo deixado pelos bancos privados que restringiram o crédito durante os piores momentos da crise financeira de 2008 e 2009. Agora, expande-se assediando clientes de outras instituições em busca de taxas menores.
Cinco meses após o corte agressivo nos juros, a Caixa Econômica Federal trouxe 214 mil clientes de outros bancos, vindos por meio da conta-salário -mecanismo que permite transferir o pagamento de salário de um banco para outro.
"Equivale a comprar uma folha de pagamento como a dos servidores de Goiás", diz o vice-presidente do banco.
Em 2011, a Caixa comprou por R$ 470 milhões a folha de pagamento de 150 mil servidores de Goiás, mais as contas do Estado, por cinco anos.
Segundo Lenza, 4.000 novos clientes por mês fazem a portabilidade de crédito consignado de outros bancos, gerando R$ 50 milhões de novos empréstimos mensais.
Até o final do ano, a expectativa da Caixa é ampliar para 15% a fatia de mercado, após conceder o equivalente a R$ 185 bilhões em empréstimos -54% mais do que os R$ 120 bilhões de 2011.
A Caixa hoje é a maior aposta do governo Dilma para reduzir os juros ao consumidor, junto com o também estatal Banco do Brasil.
Os empréstimos para o consumidor crescem em ritmo anual de 50,3%, enquanto a média do mercado é de 13%. Para as empresas, o crescimento é de 62,2%, enquanto o mercado se expande em 15,6% ao ano.
"Para lançar o Caixa Melhor Crédito e reduzir as taxas, fizemos todo um trabalho de automação de crédito, revimos processos, aperfeiçoamos modelos de pré-aprovação e de análise de risco. Os parâmetros são os mesmos, mas a técnica evoluiu. É todo um trabalho de inteligência artificial", disse.