A Caixa Econômica Federal lucrou R$ 21,057 bilhões em 2019, um crescimento de 103,3% com relação ao ano anterior. De acordo com os destaques do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o aumento do lucro foi gerado, principalmente, pela evolução de 31% no Resultado Bruto de Intermediação Financeira, impactado principalmente pela variação de 51% nas receitas de títulos e valores mobiliários (TVM), decorrente do lucro com a venda de ações da Petrobrás e títulos públicos (Notas do Tesouro Nacional), e também pela redução de 27,9% nas despesas de PDD e de 11% nas despesas de captação de recursos. A rentabilidade foi de 17,52%, com incremento de 1,86 pontos percentuais em relação a 2018.

“O lucro da Caixa está baseado, em grande parte, na venda de ativos. Esse resultado não mostra que a empresa está se expandindo, gerando empregos e sim que está se desfazendo de ativos fundamentais. O banco público, que sempre foi um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento do Brasil, está deixando de lado o mais importante que é seu papel social”, lamentou Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa.

O secretário de Finanças da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Sergio Takemoto, lembra que o lucro da Caixa é fruto do esforço realizado pelos empregados, que não está sendo reconhecido pela direção da empresa. “A recompensa dada pela direção da Caixa é a reestruturação que retira direitos dos trabalhadores, com ameaça de redução de remuneração e transferências compulsórias, gerando intranquilidade. Esperamos que a direção do banco reconheça esse esforço e reveja as medidas que estão prejudicando milhares de trabalhadores”, argumentou.

A secretaria de Cultura e representante da Contraf-CUT nas negociações com o banco, Fabiana Uehara Proscholdt, completou. “Quem faz a Caixa são os empregados e, mesmo sendo assediados no dia a dia, sem as melhores condições de trabalho, fazem o seu melhor.”

Demissões

O banco encerrou o ano de 2019 com 84.006 empregados, com fechamento de 886 postos de trabalho no ano. A Caixa lançou um PDV com 2.319 adesões em sua primeira etapa, resultando no desligamento de 2.020 empregados. Já a segunda etapa, registrou 686 desligamentos, resultando em 2.706 desligamentos no ano. Nesse mesmo período, foram fechadas duas agências, 39 PAs, 63 lotéricas e 310 correspondentes Caixa Aqui. Em contrapartida, houve aumento de 10,6 milhões de novos clientes.

As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias cresceram 0,57%, totalizando R$ 27,0 bilhões. Já as despesas de pessoal, considerando-se a PLR, apresentaram expansão de 8,76%, atingindo R$ 23,8 bilhões. Com isso a cobertura das despesas de pessoal pelas receitas secundárias do banco foi de 113,2%.

Carteira de crédito

A carteira de crédito ampliada teve redução de 0,11% em doze meses, totalizando R$ 693,7 bilhões. A Carteira Comercial Pessoa Física manteve-se estável, totalizando R$ 81,9 bilhões. A Carteira Comercial Pessoa Jurídica apresentou queda de 30,2%, somando R$ 38,6 bilhões. O crédito imobiliário cresceu 4,6%, num total de R$ 465,1 bilhões, e a carteira de infraestrutura teve redução 0,3%, totalizando R$ 84,0 bilhões. As variações na carteira estão de acordo à estratégia que prioriza concessões nos segmentos ligados a microempresas e fomento ao crédito imobiliários. A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,18%, com redução de 0,01 ponto percentual.