A Caixa Econômica Federal quer entrar com força no setor de cartões de crédito e já negocia a compra de parte de uma empresa privada. A intenção é operar uma grande bandeira nacional voltada à baixa renda. A presidente do banco, Maria Fernanda Coelho, disse ao Estado que o plano é anunciar o negócio até o fim do ano.

Ela rechaça a avaliação de que os altos juros do cartão são o atrativo para que o banco ingresse no setor. "Essa é uma tendência mundial", argumenta.

Seis meses após a compra de 49,9% do Banco Panamericano, a Caixa se prepara para o segundo passo no plano de ingressar em setores com forte potencial de crescimento, mas que ainda são pouco explorados.

Baixa renda

O plano da Caixa é atender clientes de menor renda, ramo em que a instituição já tem grande fatia do mercado. Para isso, o banco quer operar uma marca nacional para concorrer com as gigantes internacionais Visa e MasterCard. "A bandeira precisa atender de forma muito clara esse segmento, suas necessidades de consumo, de crédito."

Ao entrar no setor, o desafio da Caixa será atingir o pequeno comércio, periferias e as cidades distantes do interior. Ainda que o cartão tenha chegado a muitos postos de gasolina, farmácias e supermercados da periferia, os custos ainda impedem a adoção do meio de pagamento no restante do comércio. Além disso, há milhares de pequenos empresários – que muitas vezes flertam com a informalidade – que não podem aceitar o dinheiro de plástico.

Uma das hipóteses ouvidas no mercado é de que essa compra que a Caixa negocia poderia ser a Hipercard, bandeira de cartões populares do Itaú. Ao ser questionada sobre essa possibilidade, Maria Fernanda não confirmou, mas também não descartou o negócio. "Temos várias bandeiras regionais importantes. A Hipercard é, sem dúvidas, muito importante no Nordeste. Mas temos outras no Norte, no Sudeste. Até o sul da Bahia tem bandeiras significativas", desconversa.

Sobre o anúncio recente do Banco do Brasil e Bradesco, que formaram uma nova bandeira nacional de cartões, a Elo, Maria Fernanda minimizou o impacto da parceria e afirmou que há espaço para mais de uma empresa no setor. "A criação da Elo só demonstra e confirma a magnitude desse segmento", diz.

A despeito dos esforços do governo em tentar reduzir os juros ao consumidor, Maria Fernanda afirmou que os consumidores não devem esperar uma "queda abrupta" dos juros cobrados no cartão de crédito. A taxa elevada é resultado das baixas garantias dadas na operação, explica. Por isso, um eventual corte das taxas só acontecerá de forma gradual.

"A redução da taxa passa sempre pela melhora da operação, dos processos, da relação entre o banco e o cliente. Isso ainda vai acontecer porque estamos no meio do processo de conhecer melhor a operação, o consumidor, a inadimplência, a forma de refinanciamento desse tomador de crédito", diz.

Fonte: O Estado de S. Paulo

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