O Santander pretende resgatar em setembro US$ 500 milhões de títulos perpétuos (sem vencimento final) emitidos em 2005, mas com opção de resgate antecipado pelo banco neste ano, segundo investidores. A razão: o banco está capitalizado após sua emissão pública inicial de ações no país em 2009, que totalizou R$ 13,2 bilhões, e considera os papéis perpétuos muito caros.

Os perpétuos do Santander pagam juros de 8,7% ao ano e são parte da dívida subordinada da instituição financeira, que entra como capital no seu balanço, ampliando sua possibilidade de alavancagem.

Procurado pelo Valor, o banco informou que não pode comentar o assunto, pois está em período de silêncio que antecede a divulgação de seu balanço, prevista para acontecer no dia 4 de fevereiro.

Recentemente o banco informou que está pagando antecipadamente outra dívida subordinada considerada cara: um Certificado de Depósito Bancário (CDB) de R$ 1,507 bilhão tomado da matriz espanhola em março de 2009, que pagava juros de 13,9% ano.

A transação foi autorizada pelo Banco Central no dia 8 de janeiro e ajuda a pressionar o dólar para cima. Segundo nota oficial, o objetivo da instituição é "melhorar a estrutura de passivos".

O mercado especula se outros empréstimos feitos pela matriz espanhola não serão pagos antecipadamente, inclusive para ampliar a disponibilidade de recursos da própria matriz, dadas as condições de aperto de liquidez maior nos países ricos.

Os rumores eram de que, diante da redução de linhas de longo prazo aos bancos pelo Banco Central Europeu e do resgate de linhas do Fed, banco central americano, a partir principalmente do final do primeiro trimestre deste ano, não apenas o Santander, mas também inúmeras filiais no Brasil de bancos europeus e dos Estados Unidos enviariam empréstimos de volta para a matriz para ampliar sua liquidez nos mercados dos países ricos.

A troca da dívida subordinada mais cara pelo dinheiro recém obtido na bolsa brasileira tende a melhorar o retorno para os acionistas do Santander Brasil, que passará a ter menos capital sobrando que precisa ser colocado para trabalhar por meio de empréstimos.

O índice de Basileia – que mede a alavancagem do banco, ou seja, a relação entre os ativos ponderados pelo risco e o capital – deve ter fechado o ano em patamar entre 22% e 24%. O mínimo exigido pelo Banco Central é de 11%.

Fonte: Valor Econômico /  Cristiane Perini Lucchesi e Fernando Travaglini, de São Paulo

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