Dia Mundial da Saúde Mental é oportunidade de reflexão sobre modelo de gestão que adoece trabalhadores em função da pressão psicológica e cobrança de metas
Nesta quinta-feira, 10 de outubro, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Mental.
O tema é muito relevante para os bancários que hoje sofrem mais de doenças mentais e comportamentais no trabalho do que propriamente doenças físicas, como a LER/Dort.
A categoria bancária é hoje a que mais sofre com doenças psíquicas e comportamentais relacionadas ao trabalho e, segundos dados de 2022, apesar de representar apenas 1% dos trabalhadores do mercado no emprego formal, empregados de bancos representam 24% dos afastamentos por doenças mentais pelo INSS.
Tema de audiência pública
O problema do adoecimento dos bancários no trabalho foi tema de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, em outubro do ano passado.
O movimento sindical denunciou no encontro, a ausência de dados nos bancos sobre a situação de saúde dos trabalhadores e as subnotificações de doenças relacionadas à atividade no setor.
“Bancários e bancárias sofrem metas desumanas, assédio moral e muitos permanecem calados, trabalhando doente com medo de perder o emprego”, destacou o diretor executivo da Secretaria de Saúde do Sindicato do Rio de Janeiro, Edelson Figueiredo.
Trabalhador descartável
Após adoecer mentalmente os funcionários, os bancos dispensam estes trabalhadores como se fossem objetos descartáveis.
“Esta prática é comum no Itaú, por exemplo, que deu para chamar empregados que estão licenciados em tratamento médico para oferecer indenização em dinheiro em troca da garantia do emprego, se aproveitando de um momento de fragilidade física e emocional do bancário para dispensá-lo. É uma prática humilhante e desumana “, acrescentou Edelson.
Gestão opressora
Os bancários sofrem também com o medo de assaltos e discriminações no ambiente corporativo.
A situação do adoecimento mental de trabalhadores no setor aumentou 26,2%, nível bem superior ao do quadro geral do mercado de trabalho formal no Brasil, que foi de 15,4% (variação 1,7 maior entre bancários em comparação aos outros setores).
“Precisamos continuar pressionando os bancos a admitirem esta dura realidade da categoria e a mudarem este modelo atrasado e antiproducente de gestão de metas que adoece e humilha os bancários”, concluiu Edelson.
Saúde integral
Entender a saúde em seu aspecto integral é um desafio para trabalhadores, empresas e profissionais da área de saúde.
“A saúde precisa ser entendida em seu aspecto integral, ou seja, não representa apenas o estado físico de ausência de doenças, mas também o sentimento de bem-estar das pessoas na coletividade. Elas precisam se sentir acolhidas”, explica a psicóloga do Ministério da Saúde, Valéria Brito.
Fonte: Seeb-São Paulo