Durante mesa permanente de negociação, Caixa nega reestruturação; CEE Caixa critica falta de planejamento da direção do banco – Na tarde desta quinta-feira (3), durante reunião da mesa permanente entre a Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e a direção da Caixa, os representantes dos empregados criticaram a falta de posicionamento do banco público na defesa da empresa e de seus empregados. Dentre os principais temas abordados estavam teletrabalho, banco de horas, metas e contratações.
O debate teve início com um protesto da Comissão contra a charge publicada no jornal A Tarde, da Bahia, que desrespeitou o corpo funcional da empresa e a sua própria imagem. A Caixa silenciou, não respondendo se adotaria alguma medida.
A CEE Caixa protestou contra a reestruturação e a direção do banco afirmou que não está ocorrendo uma reestruturação e sim um movimento de mudanças que teria ocorrido por conta da necessidade de reduzir custos além de reorganização interna. Os representantes dos trabalhadores indagaram a visível falta de planejamento prévio e diálogo entre as vice-presidências (VPs), visto que ocorreram informações desencontradas durante o debate.
“Os trabalhadores estão ainda mais ansiosos sem saber o que irá acontecer, e não podemos esquecer que ainda estamos vivendo no meio de uma pandemia. Por isso, é necessário ampliar o debate sobre os cuidados que a Caixa precisa ter com os colegas. O que está havendo é uma falta de respeito com os empregados e suas trajetórias. A falta de informação está afetando a saúde dos empregados”, ressaltou a coordenadora da CEE Caixa e secretária da Cultura da Contraf-CUT, Fabiana Uehara Proscholdt.
Sem rumo e falta de planejamento
Entre os principais pontos destacados na ocasião, a Comissão ressaltou a importância de a Caixa ter reforçado a mesa de negociação, com a presença de diversas áreas. O que possibilita que as questões possam ser sanadas de forma mais rápida e direta.
Com a falta de rumo da direção da Caixa, a CEE Caixa questionou as mudanças nas áreas do banco e a total falta de planejamento nestes processos. “A categoria está muito sofrida. Deem transparência. Deem suporte aos colegas. As pessoas não aguentam mais. Seja em área meio, seja em agência”, ressaltou o representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe (FEEB SE/BA) e membro da CEE, Emanoel Souza.
A Comissão também destacou a situação dos empregados, que estão extremamente sobrecarregados e têm sido surpreendidos por medidas unilaterais tomadas pela empresa, com a entrega dos prédios e mudanças das unidades. “Não temos clareza de que esse movimento vai se traduzir em alguma vantagem para a Caixa, na questão de economia contratual ou melhorias de processos e em especial para os próprios empregados”, reforçou o representante da Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul (FEEB-SP/MS) e membro da CEE, Carlos Augusto Silva.
O banco informou que há uma diretriz de não trocar as pessoas de municípios. A CEE pleiteou uma mesa específica para tratar do tema o mais breve possível. Mas ainda não houve retorno.
Teletrabalho
O debate sobre o teletrabalho entre os empregados e a direção da Caixa esbarrou no controle da jornada, item no qual o banco informou que não quer clausular o controle. A proposta apresentada pelo banco sobre o teletrabalho foi de um modelo híbrido – parte presencial, parte em home office, definido de acordo com pesquisa realizada pelo banco.
A proposta apresentada pela Caixa não permite o controle de jornada. Eles argumentaram que o aumento na flexibilidade iria proporcionar, por exemplo, mais autonomia para os empregados. Já para os representantes dos empregados, o teletrabalho deve ser opcional pelo funcionário e não uma imposição da empresa.
Segundo a CEE, a falta do controle de jornada pode gerar problemas na saúde do trabalhador e até no pagamento das horas extras. “Estamos vivendo num momento atípico. Sabemos que é fundamental pensar muito sobre o teletrabalho. Pois, muitos empregados apresentam exaustão devido a jornada extensiva e as metas abusivas. Portanto, consideramos que a ausência do ponto eletrônico é muito grave, pois a longo prazo isso pode agravar os problemas de saúde dos empregados. O colega tem que ter direito a desconexão”, explicou Fabiana.
A Comissão também cobrou da Caixa proposta de ressarcimento das despesas com energia elétrica e internet.
Banco de horas
A Caixa apresentou uma proposta que possibilita que os empregados possam trabalhar duas horas a mais por dia em determinada semana para realizar a compensação de um dia completo, para assuntos de seu interesse, podendo prorrogar as licenças permitidas, após negociação com o gestor.
A CEE apontou que o momento atual, com pagamento do auxílio emergencial e abertura das agências aos sábados, com enorme sobrecarga de trabalho, dificulta a discussão do tema, mas que fará análise e construirá alternativas junto com as entidades e empregados.
Contratações
A CEE/Caixa já havia enviado um ofício cobrando a direção do banco para mais contratações. Com o PDV e sem reposição aumentará a sobrecarga para todos os trabalhadores.
A Caixa informou não haver autorização da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST) para fazer mais contratações. Além disso, os representantes da direção do banco afirmaram que o perfil dos clientes tem mudado para um modelo mais autônomo e menos dependente das agências, e que, até o momento, não há a previsão do fechamento de unidades, que é algo que poderia recompor as equipes das unidades restantes.
Recolhimento das funções
A CEE questionou o recolhimento das funções de empregados que aderiram ao PDV. A Caixa respondeu que tal movimento já teria ocorrido em PDVs anteriores, e que as funções consideradas estratégicas não seriam recolhidas. Caixas, Tesoureiros, Assistentes e outras, não foram consideradas estratégicas pela empresa.
PQV
A Caixa apresentou o Programa de Incentivo às Práticas de Vendas (PQV). A Comissão destacou que o programa responsabiliza o empregado que trabalha para alcançar as metas abusivas impostas pela própria Caixa. Devido ao horário extenso da reunião, o assunto ficou pendente e ainda será debatido mais profundamente em uma próxima mesa de negociação.
Outras decisões:
– O trabalho remoto continua até 30 de janeiro de 2021
– A CEE reivindicou a renovação do acordo da Comissão de Conciliação Voluntária (CCV), que vence em 31/12/2020. A Caixa respondeu que está alterando a minuta e irá submeter à Comissão, que solicitou que o processo seja agilizado.
– Houve cobrança ainda sobre a readequação das metas pois os empregados estão já estafados
– A CEE solicitou novamente a não abertura das agências aos sábados. Houve um compromisso em mesa de negociação por parte da Caixa de que iria negociar junto ao governo um calendário que não necessite do trabalho aos sábados.
– A Comissão pediu ainda um reforço nos protocolos contra o Covid19 nas unidades
– GT Promoção por Mérito: Questionada pela CEE, a Caixa respondeu que deve agendar uma data para a próxima semana.
– GT Saúde Caixa: A Caixa respondeu que houve uma reestruturação na área, e que deve agendar a reunião para os próximos dias.
Fonte: Contraf-CUT