As centrais sindicais decidiram ampliar a pauta do ato marcado para 18 de março, originalmente em defesa dos serviços públicos e da educação, incluindo empregos, direitos e democracia. Reunidos nesta quinta-feira (27), na sede do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em São Paulo, dirigentes de todas as centrais veem com preocupação atitudes do governo Bolsonaro, entre outras, que na avaliação das entidades “colocam em risco a estabilidade social”. A manifestação do dia 18, que já estava marcada, ocorrerá três dias depois de um ato pró-Bolsonaro convocado para apoiar o governo – e também pressionar o Congresso –, com apoio do próprio presidente e com mensagens de extrema-direita disparadas por redes sociais.

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, afirmou ao portal da central que o dia 18 terá mobilizações em locais de trabalho, paralisações e atos pelo país. Ele afirmou que enquanto as medidas do governo retiram direitos sociais, a economia “patina”, sem sinal de recuperação, e o patrimônio nacional é posto à venda por preço irrisório.

“As filas para receber o Bolsa Família só aumentam, mais de 12 milhões de brasileiros e brasileiras estão desempregados e mais de 50% da população na informalidade. Isso sem contar o crescimento do número de pessoas em situação de rua em todo país. E para piorar não existe nenhuma política no sentido de reverter este cenário, pelo contrário”, afirma Sérgio Nobre, ressaltando o caráter anti-Estado de Bolsonaro e do ministro da Economia, Paulo Guedes. “Eles odeiam tudo que é público, tudo que é estatal, e não escondem isso”, afirma. E acrescenta que o país tem serviços públicos de qualidade, mas se não houver reação todos estão sob ameaça de destruição.

Na quarta-feira (26), as centrais já haviam divulgado nota sobre a situação política. Apesar das críticas, a questão do impeachment não está em pauta neste momento, de acordo com o dirigente da CTB.

O calendário definido anteriormente pelas centrais prevê atos também nos dias 8 e 14 de março, o primeiro pelo Dia Internacional da Mulher e o segundo em memória da vereadora Marielle Franco, cujo assassinato completará dois anos nesta data. Todos, além da pauta específica própria, ganharam novo peso após a gravidade das convocações ao ato pró-bolsonaro.

Eles voltarão a organizar um 1º de Maio unificado. Na próxima terça-feira (3 de março), as entidades participam ainda de reunião com partidos e organizações sociais em defesa do Estado democrático de direito, marcado para o Congresso Nacional.