Centrais sindicais criticam aumento da taxa Selic para 10,75% ao ano

Diante da divulgação de indicadores que apontam a desaceleração da economia brasileira, o Banco Central decidiu na quarta-feira, dia 21, por unanimidade, reduzir o ritmo de aumento da taxa básica de juros. O Copom (Comitê de Política Monetária do BC) elevou os juros de 10,25% para 10,75% ao ano. A medida foi criticada pelas centrais sindicais, assim como pela indústria e comércio.

A intensidade do aumento foi menor que a realizada nas duas reuniões anteriores do Copom, quando a taxa havia subido 0,75 ponto percentual.

"Avaliando a conjuntura macroeconômica e as perspectivas para a inflação, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 10,75% ao ano, sem viés. Considerando o processo de redução de riscos para o cenário inflacionário que se configura desde a última reunião do Copom, e que se deve à evolução recente de fatores domésticos e externos, o comitê entende que a decisão irá contribuir para intensificar esse processo", informou o BC.

A taxa básica começou a subir em abril. Na época, estava em 8,75% ao ano, menor patamar da história recente. Desde então, houve dois aumentos que trouxeram os juros de volta ao patamar de dois dígitos.

Até a semana passada, o mercado financeiro mantinha a expectativa de que o BC anunciaria um novo aumento de 0,75 ponto na Selic. As apostas começaram a mudar na última quinta-feira, quando o presidente do BC, Henrique Meirelles, afirmou em uma entrevista não programada que a decisão do Copom não estava fechada.

A afirmação foi interpretada pelo mercado financeiro como uma sinalização de que o BC poderia reduzir o ritmo de alta dos juros.

APERTO

Quando o BC iniciou esse novo ciclo de aperto monetário, a economia crescia a uma taxa próxima de 10% ao ano, e a inflação projetada beirava os 6%, taxas consideradas insustentáveis pelos economistas.

Desde maio, no entanto, novos indicadores mostraram desaceleração da atividade econômica e dos principais índices de preços. Com isso, cresceu a pressão dentro do próprio governo para que o BC abandonasse a política de aumento dos juros ou, pelo menos, reduzisse o ritmo de alta.

Com a retirada de estímulos governamentais, houve arrefecimento da produção industrial e das vendas do varejo e de automóveis.

Também pode ter pesado o fato de o IBGE ter informado ontem que o IPCA-15, prévia da inflação oficial, registrou deflação de 0,09% em julho.

O aumento da Selic ainda é parte da política do governo para retirar os estímulos ao crescimento econômico anunciados durante a crise de 2008.

Além de elevar os juros, o governo anunciou o fim de incentivos fiscais (como o IPI zero para carros) e a retirada de dinheiro da economia por meio do aumento nos depósitos compulsórios dos bancos.

A próxima reunião do Copom, que se reúne a cada 45 dias, está marcada para os dias 31 de agosto e 1º de setembro. Há ainda dois outros encontros até o fim do ano, no final de outubro e início de dezembro.

INFLAÇÃO

No último relatório de inflação, o BC subiu a previsão de 5,2% para 5,4% em 2010, acima do valor central de 4,5% para a meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). Para 2011, a expectativa passou de 4,9% para 5,0%.

Na semana passada, no entanto, o mesmo BC informou que o nível de atividade da economia brasileira ficou estável em maio em relação a abril, após 16 meses seguidos de crescimento.

Em relação a maio de 2009, o IBC-Br aponta crescimento de 9,4%, abaixo da expansão de 10,8% registrada na comparação entre abril de 2009 e 2010.

Depois de um primeiro trimestre de forte expansão (9%), a economia brasileira começa a dar sinais de desaceleração. Nos cinco primeiros meses do ano, a economia cresceu 10,3%, abaixo dos 10,5% registrados entre janeiro e abril.

Fonte: Folha Online

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