O Citigroup está correndo contra o relógio para convencer as autoridades americanas a deixá-lo pagar um socorro financeiro de US$ 20 bilhões que recebeu no auge da crise. Fontes e autoridades reguladoras vêm afirmando que, se o banco não agir nos próximos dez dias, terá que esperar por mais de um mês.

A pequena janela que se abriu para uma decisão sobre o pagamento dos recursos do programa de ajuda aos ativos problemáticos (Tarp, na sigla em inglês), aumenta as chances do Citigroup de se libertar das amarras do governo, que também ficou com uma participação de 34% no banco por conta do socorro.

Separadamente, a Kuwait Investment Authority, o fundo soberano de investimentos do Kuwait, teve um lucro de US$ 1,1 bilhão depois de vender toda a sua participação de 5% no Citigroup por US$ 4,1 bilhões – menos de dois anos depois de ter adquirido ações preferenciais do banco que foi abalado pela crise financeira. A venda proporcionou ao fundo soberano um retorno de 37% sobre seu investimento.

A necessidade do Citi devolver os recursos do Tarp aumentou na semana passada, com o anúncio surpresa de que o Bank of America (BofA) captou US$ 19,3 bilhões para devolver US$ 45 bilhões ao Tarp.

Com a iniciativa, o Citigroup e o Wells Fargo ficaram como os únidos dois grandes bancos que ainda não devolveram os recursos que receberam do Tarp e continuam sujeitos aos limites rígidos de compensação e operações que acompanharam as injeções de recursos feitas pelo governo americano nas instituições no ano passado.

Pessoas familiarizadas com a situação disseram que, se o Citi não lançar até a semana que vem o esforço de aumento de capital necessário para pagar o Tarp, poderá ficar praticamente impossível para o banco fazer isso antes do anúncio dos resultados de 2009, que deve ocorrer na metade de janeiro.

Advogados afirmam não ser tecnicamente impossível levantar recursos entre o fim de um trimestre e o anúncio dos resultados, mas acrescentam que as regras de transparência poderão tornar isso difícil, especialmente para uma instituição tão complexa e geograficamente diversificada como o Citigroup.

Os executivos do Citi estão fazendo lobby em Washington para que o banco possa devolver o dinheiro do Tarp, afirmando que o banco possui reservas de caixa de mais de US$ 240 bilhões e seu desempenho financeiro está melhorando. No entanto, a situação do Citi é mais complicada por causa da participação do governo americano.

Pessoas a par da situação disseram que o governo está disposto a coordenar a venda de pelo menos uma parte de sua participação com o próprio aumento de capital do Citi, mas o cronograma apertado – e as persistentes preocupações das autoridades sobre a saúde do banco – poderão atrasar isso.

O Citi não quis fazer comentários sobre o assunto, mas fontes admitiram que, a menos que ele possa lançar uma oferta de ações até 14 ou 15 de dezembro, provavelmente terá que esperar até pelo menos o fim de janeiro.

O fato do BofA ter conseguido captar US$ 19,3 bilhões – mais que os US$ 18,8 bilhões que almejava – em um único dia e com um pequeno desconto sobre o preço de fechamento das ações um dia antes da operação enfatiza a confiança dos investidores na capacidade de recuperação dos bancos.

Fonte: Financial Times / Francesco Guerrera, de Nova York

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