Ação agressiva no crédito devolve a liderança ao BB – O Banco do Brasil voltou a ser o maior banco do país em ativos e teve seu lucro aumentado em 43%, atingindo R$ 598,8 bilhões. Segundo matéria publicada pela Folha de São Paulo, a ação agressiva no crédito foi um dos principais fatores que devolveram ao banco público a liderança, após alguns meses de tê-la perdida ao Itaú Unibanco.

Nove meses após ter perdido a liderança para o Itaú Unibanco, o Banco do Brasil retomou o posto de maior banco em ativos do Brasil e da América Latina.

Segundo o balanço do segundo trimestre do ano, divulgado na madrugada de hoje, os ativos do Banco do Brasil chegaram a R$ 598,8 bilhões, ante R$ 596,4 bilhões do Itaú Unibanco.

O Banco do Brasil salta da 10ª para a 7ª posição no ranking dos maiores bancos da América Latina e dos EUA, segundo a consultoria Economática. O Bank of America se mantém na liderança, seguido por JPMorgan Chase e Citigroup. O Itaú Unibanco cai de 7º para 8º.
O BB lucrou R$ 4,014 bilhões no primeiro semestre, alta de 0,55% ante o mesmo período do ano passado. No segundo trimestre, o lucro foi de R$ 2,348 bilhões (+43%).

Segundo a Folha apurou, a atuação agressiva do BB na concessão de crédito durante a crise foi fundamental para a instituição ter recuperado a liderança do ranking bancário, objetivo cobrado por Lula após a perda do posto. Enquanto os bancos privados foram mais cautelosos após o congelamento global do crédito, o BB acelerou a liberação de empréstimos para evitar um contágio maior da crise.

Os números do primeiro semestre divulgados pelos bancos privados mostram claramente essa desaceleração na concessão do crédito. No ano passado, o crédito se expandiu no país a um ritmo de cerca de 30%. Em junho, caiu pela metade em relação ao mesmo mês do ano passado.

Segundo dados da consultoria Austin Rating, com base nos balanços do segundo trimestre de dez bancos privados, o crédito cresceu em média 16,1% em relação a junho de 2008. O Itaú Unibanco, por exemplo, registrou expansão de 15,7% do crédito, e o Bradesco, de 20%. Já em relação a dezembro, o volume dos empréstimos dos bancos privados praticamente não se alterou ou até caiu.

Além da forte aceleração do crédito, os números do BB relativos ao primeiro semestre mostram redução do "spread" (diferença entre os juros pagos pelos bancos ao captar recursos no mercado e a taxa cobrada dos clientes). A equipe econômica pretende usar esses dados para aumentar a pressão sobre os bancos privados para que baixem o "spread".

Segundo a Folha apurou, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, teria ficado incomodado com declarações do presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal, de que a redução do "spread" nos bancos públicos não seria sustentável.

O debate promete ser acirrado nos próximos dias. Segundo Erivelto Rodrigues, presidente da Austin Rating, a grande questão é saber se essa atuação agressiva do Banco do Brasil deteriorou ou não a qualidade da sua carteira de crédito, o que só o tempo vai dizer.

De qualquer forma, Rodrigues afirma que a atuação dos bancos públicos, tanto do Banco do Brasil como da Caixa Econômica Federal, foi extremamente importante para a recuperação do crédito no país.
"Os bancos públicos foram fundamentais para a irrigação do crédito na economia", diz Rodrigues.

O crédito é o principal item na constituição dos ativos dos bancos. Enquanto o ativo do Banco do Brasil tem crescido em ritmo bastante forte na crise, o do Itaú Unibanco fez o caminho inverso. De acordo com a Economática, o ativo do Itaú Unibanco caiu de R$ 633 bilhões em dezembro para R$ 596,4 bilhões em junho.

Fonte: Contraf-CUT, com Folha de São Paulo