A divulgação, ontem, dos resultados de abril da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) do IBGE confirma mais uma vez a situação favorável da economia e do mercado de trabalho do país.

A taxa média de desemprego ficou em 7,3%, o menor valor para meses de abril desde 2002, quando a nova PME foi implantada.
Estão sendo gerados empregos em praticamente todos os setores da economia, inclusive na indústria, que foi o segmento mais atingido pela crise de 2008/2009. O rendimento médio continua aumentando quando comparado com os anos anteriores.

Segundo o IBGE, o emprego com carteira assinada está crescendo nas seis regiões metropolitanas incluídas na pesquisa, confirmando os dados nacionais levantados pelo Caged, que havia mostrado a geração de quase 1 milhão de empregos até abril. Este ano certamente será o de maior geração de empregos formais no país.

Os resultados favoráveis do mercado de trabalho refletem o comportamento excepcional da economia brasileira, que deve apresentar neste ano taxa de crescimento da ordem de 7% a 7,5%, segundo previsões de várias instituições, inclusive do Grupo de Conjuntura do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Se esse crescimento se confirmar, será a maior taxa observada no país desde meados dos anos 1980.

As contas públicas estão positivas, a arrecadação, em alta, e o superavit fiscal bateu novo recorde no primeiro quadrimestre do ano.
Infelizmente, tal esforço fiscal acaba sendo desperdiçado com o pagamento dos juros da dívida pública, que deverão subir ao longo do ano com o aumento da Selic.

Apesar dos bons resultados, há alguns desafios para a continuidade do crescimento econômico e a consequente melhoria do mercado de trabalho.

Do ponto de vista interno, o principal é a necessidade de investimentos nos mais diversos setores da economia. A taxa de investimento do país é reconhecidamente baixa e precisa ser aumentada para dar conta de uma economia em ritmo crescente de crescimento econômico.

Pelo lado externo, tem havido forte deterioração da conta-corrente, principalmente devido ao pior resultado da balança comercial. O deficit externo, entretanto, deverá ser financiado com a entrada de capitais sem maiores dificuldades no curto prazo.

A médio prazo, entretanto, o país poderá encontrar dificuldades de financiamento das contas externas caso a balança comercial não se recupere. Certamente, uma desvalorização do real poderia dar uma boa contribuição nesse sentido.

Em resumo, o ano de 2010 já está assegurado, mas, para a continuidade do crescimento econômico no futuro, algumas questões estruturais terão que ser enfrentadas pelo próximo governo.

JOÃO SABOIA é diretor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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