"Com a lucratividade estrondosa que obteve, o banco tem condições de pagar até mais do que a regra total da PLR", afirma Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e funcionário do Itaú Unibanco.
Conforme havia anunciado nesta segunda-feira, o banco fará o pagamento em 1º de março. Cada bancário receberá o total da regra básica e do adicional, deduzindo-se a primeira parcela que foi paga em outubro do ano passado. Confira:
– Regra básica da PLR: 2,2 salários de cada empregado com teto de R$ 15.798,20 descontando-se o adiantamento de 54% do salário mais R$ 660,48, com teto de R$ 4.308,60;
– Parcela adicional da PLR: 2% do lucro líquido distribuídos linearmente, no teto de R$ 2.400, descontando-se o adiantamento de 2% do lucro do 1° semestre, no teto de R$ 1.200.
Na mesma data, o banco pagará também a antecipação da Participação Complementar nos Resultados (PCR) referente a 2011, no valor de R$ 1.600. "A PCR atende a duas reivindicações dos bancários sobre os programa de remuneração dos bancos, pois não é compensada na PLR e em nenhum outro programa do banco e por se tratar de um valor distribuído linearmente para todos os funcionários", afirma Wanderley Crivellari, um dos coordenadores da Comissão de Organização dos Empregados (COE) do Itaú Unibanco. Esse valor poderá ser complementado posteriormente, de acordo com os resultados que a empresa alcançar no exercício de 2011, que serão apurados no início de 2012.
Condições de trabalho
"Esse lucro não pode ser dissociado das intensas pressões sofridas cotidianamente pelos funcionários do banco. A cobrança pelo cumprimento de metas absurdas estabelecidas pela empresa sem qualquer discussão com os bancários, que conhecem a realidade de cada agência, causa grande sofrimento psicológico aos trabalhadores. Não é à toa que as doenças psíquicas ultrapassaram as LER/Dort como principal causa de afastamento entre os bancários", afirma Jair Alves, um dos coordenadores da COE Itaú Unibanco.
Para a diretora da Contraf-CUT, Márcia Basqueira, o maior problema do Agir está na elaboração das metas. "Essa é a maior reclamação dos funcionários. Você não vê lógica no estabelecimento de metas. A meta de uma determinada agência pode aumentar 300% de um mês para o outro em áreas que já estão saturadas, que não têm esse volume de recursos disponíveis. São metas infundadas, intangíveis e irreais", explica.
Segundo ela, os funcionários não discutem o estabelecimento de metas em si, mas a falta de lógica nesse processo. "O mercado vive de metas em vários setores, mas elas precisam ser tangíveis, reais. O banco pressiona seus funcionários a estudarem economia, administração, e eles aprendem a fazer projeção de mercado, mas na prática isso não é aplicado", sustenta.
Jair lembra que essa situação está ligada diretamente ao modo como o programa Agir está implementado dentro da empresa. "O Agir suga os funcionários. O trabalhador dorme pensando em vender. Precisamos rediscutir esse programa como banco, encontrando mecanismos para diminuir a pressão e para o estabelecimento de metas compatíveis com a realidade das agências", defende.
Fonte: Contraf-CUT