A subsidiária brasileira do Santander terá o mesmo valor que todo o Deutsche Bank ou o Société Générale (SocGen) quando abrir totalmente o capital no mês que vem, segundo detalhes da oferta de ações anunciados ontem pelo banco espanhol.

O Santander vai oferecer entre US$ 6,4 bilhões e US$ 7,3 bilhões em ações de sua subsidiária brasileira, confirmando previsões de que a emissão será uma das maiores operações de abertura de capital já realizadas no Brasil e também uma das maiores do mundo neste ano.

A China State Construction Engineering abriu o capital em julho, numa operação de US$ 7,3 bilhões, enquanto a VisaNet, subsidiária brasileira da operadora de cartões de crédito Visa, captou US$ 4,3 bilhões.

Pela faixa de preço anunciada, de R$ 22 a R$ 25 por ação – um preço maior que o esperado -, o Banco Santander Brasil seria avaliado em algo entre ? 31,3 bilhões e ? 35,3 bilhões (algo entre US$ 45,6 bilhões e US$ 51,8 bilhões). Isso seria cerca de um terço do valor de mercado da controladora do Santander e reafirma sua condição de um dos maiores bancos do Brasil.

Em documentos enviados às autoridades reguladoras espanholas, o Santander afirma que pretende vender 525 milhões de units que serão listadas no Brasil e nos Estados Unidos, compostas por ações ordinárias (ON, com direito a voto) e preferenciais (PN, sem voto), representando 16,21% do capital atual de sua subsidiária, ou 13,95% do capital após a oferta.

Dos três bancos europeus – Royal Bank of Scotland (RBS), Fortis e Santander – que compraram e depois desmembraram o ABN Amro da Holanda, em 2007, o Santander emergiu da crise financeira mundial como o mais forte. Ao assumir o controle do Banco Real, como resultado do negócio com o ABN Amro, o Santander dobrou o tamanho de suas operações brasileiras e o país agora contribui com um quinto do lucro líquido da controladora.

O Santander já havia obtido um lucro rápido há dois anos, quando vendeu o Banca Antonveneta da Itália – que ele havia avaliado em ? 6,6 bilhões, depois de tomá-lo do ABN Amro – por ? 9 bilhões para o Monte dei Paschi di Siena.

O Santander pretende usar o dinheiro captado com a oferta de ações no Brasil na abertura de novas agências e máquinas de atendimento automático. Pretende também financiar novos empréstimos. A venda de ações vai reforçar a relação de capital "nível 1" da controladora. Essa é uma medida de saúde financeira que a maior parte dos bancos europeus, incluindo o Santander, estão tentando melhorar a cada oportunidade.

O Santander disse que o preço final da oferta será estabelecido em 6 de outubro, com os "american depositary receipts" (ADR, recibos de ações) passando a ser negociados em Nova York no dia seguinte ao da operação e as units a ser negociadas no Brasil a partir de 8 de outubro. O negócio inclui uma opção de oferta suplementar, que permite aos subscritores emitirem ações extras se houver demanda.

Excluindo os lotes suplementares, as ações negociadas no mercado vão constituir 15,6% do capital da companhia. As regras brasileiras do segmento de governança empresarial no qual as ações serão listadas (Nível 2) exigem uma quantidade de ações em negociação de 25% e o Santander já disse que vai chegar a esse percentual depois de um período que será acertado com as autoridades brasileiras. (Tradução Mário Zamarian)

Fonte: Financial Times / Victor Mallet, de Madri

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