Os seis maiores bancos do sistema financeiro nacional registraram em seus balanços lucro líquido conjunto de R$ 25,2 bilhões no primeiro semestre de 2012. E debitaram como provisões para devedores duvidosos (PDD) R$ 39,15 bilhões – 64,3% a mais que o lucro líquido.

O aumento das PDDs variou de 22,2% (Caixa) a 63,43% (HSBC), enquanto o índice de inadimplência do sistema financeiro como um todo no período, segundo o Banco Central, subiu apenas 0,7 pontos percentuais na média.

Veja na tabela abaixo:

Resultados dos seis maiores bancos no 1º semestre de 2012

 

Lucro líquido (R$)

Provisões para devedores duvidosos (PDD), em R$

 Evolução das PDDs (*)

Variação da inadimplência (*)

Itaú

7,1 bilhões (recorrente)

12,02 bilhões

+26,7%

1,0 p.p.

Banco do Brasil

5,7 bilhões (ajustado)

6,93 bi

+26,58%

0,1 p.p.

Bradesco

5,7 bilhões

(ajustado)

6,95 bi

+33,14%

0,5 p.p.

Caixa

2,8 bilhões

3,64 bi

+22,2%

0,0 p.p.

Santander

3,2 bilhões (IRFS)

7,8 bi

+36,15%

0,6 p.p.

HSBC

602 milhões

1,81 bi

+63,43%

1,2 p.p.

Total

25,2 bilhões

39,15 bilhões

 

 

(*) Comparação com o primeiro semestre de 2011.

Fonte: Demonstrações financeiras dos bancos. Elaboração: Dieese – Rede Bancários

"Sempre soubemos que a maquiagem dos balanços é um velho truque dos bancos para esconder seus lucros, mas isso nunca ficou tão claro como agora. As instituições financeiras cumprem vários objetivos com essa mágica e um deles é reduzir a PLR dos bancários. Na campanha nacional deste ano, queremos discutir essa questão a sério", adverte Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional dos Bancários.

Além de tirar PLR dos trabalhadores, com a maquiagem dos balanços para reduzir contabilmente o lucro, os bancos tentam justificar a contenção da oferta de crédito e a manutenção das maiores taxas de juros, spreads e tarifas do mundo. "É uma chantagem do sistema financeiro para com a sociedade brasileira", critica Cordeiro.

O Comando Nacional defende outra fórmula de distribuição da PLR, propondo três salários mais uma parcela fixa de R$ 4.961,25. Uma regra simples e mais justa.

Além das mudanças de critérios frequentes que os bancos fazem nos balanços, este ano ainda se soma o superdimensionamento das provisões para devedores duvidosos. "Se seguirmos o modelo atual, em muitas instituições os bancários receberão PLR menor que no ano passado, apesar de os lucros terem aumentado. Queremos também discutir as PDDs", avisa o presidente da Contraf-CUT.

Os bancos reconheceram que a atual fórmula é complexa e "diabólica" e que um modelo simples seria melhor, mas salientaram que não pretendem mudar neste momento as atuais regras da PLR.

"Os bancários, principais responsáveis pelos lucros dos bancos, não podem ser prejudicados, enquanto os altos executivos recebem bônus milionários. Quem produziu todos esses resultados gigantescos precisa ser valorizado com uma boa PLR, além de uma proposta global decente que atenda às reivindicações da categoria", conclui Cordeiro.

Fonte: Contraf-CUT